Jornalista refaz os passos de Henrique Pizzolato

Pedro Artur/Hoje em Dia
22/11/2014 às 10:44.
Atualizado em 18/11/2021 às 05:07
 (Alan Marques)

(Alan Marques)

Condenado a 12 anos e sete meses de prisão no Mensalão do Partido dos Trabalhadores (PT), Henrique Pizzolato está na Europa desde o início do ano. Os bastidores dessa fuga e prisão na Itália – até o julgamento de sua extradição, vetada pela Justiça daquele país –, com seus lances cinematográficos, acaba de virar livro. Em “Pizzolato – Não Existe Plano Infalível” (Editora Leya, 320 páginas, R$ 34,90), a autora e jornalista mineira Fernanda Odilla refez os passos do único “mensaleiro” que não foi preso no Brasil, e descobriu até mesmo um plano de simulação da sua morte. A obra será lançada neste sábado (22), às 14h, na Leitura do BH Shopping.   Para Fernanda, que escreveu o livro paralelamente ao trabalho na “Folha de S. Paulo”, a ideia de ficar preso no Brasil era motivo de pânico para Pizzolato. Por isso, ele empreendeu a fuga.   Morte simulada   “A ideia de ficar preso no Brasil o apavorava, segundo relatos de parentes e amigos. Então o ‘Terremoto’ (Alexandre Teixeira), amigo mais próximo dele desde que eram do Sindicato dos Bancários, foi quem teve essa ideia: ia simular a morte do Pizzolato. A primeira parte do plano eles conseguiram, registrando em cartório o testamento. O corpo era para ser cremado, com as cinzas jogadas ao mar, para que as pessoas não ficassem tristes nem enlutadas. Não era para ser divulgada a morte. O Alexandre disse que ‘era uma ideia tão louca que deixaram para lá’”, explica Fernanda, que já teve passagem pelo Hoje em Dia.   A jornalista revela que Pizzolato – condenado no julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF) – ficou com mágoa do PT. “Na verdade, ele estava há um tempo desligado do PT. Na reta final do julgamento, antes da sentença propriamente dita, se reaproximou do partido e dos petistas. Mas ficou uma mágoa grande dele, da família e dos amigos com o PT. Acho que ele fugiu porque acreditava que na Itália poderia recorrer ou ter novo julgamento em liberdade, por causa da dupla cidadania. Jamais pensou que ia ser preso, o que aconteceu em fevereiro deste ano. Como a Primeira Corte de Bolonha negou a extradição, ele foi solto. Ele sempre alegou inocência e a possibilidade de um novo julgamento em liberdade”, diz Fernanda.   Fuga e prisão   Para o livro, a jornalista entrevistou pelo menos 40 pessoas, entre amigos, familiares, políticos, inimigos. “Fiz um levantamento completo da história dele, mas sempre tive claro que o livro era sobre a fuga e a prisão. Não era nem a biografia dele nem a história do Mensalão, mas não poderia deixar de citar a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) nem o julgamento no Supremo”, relata.   Esse périplo de 9 mil Km (viajando pelo Brasil, Argentina e Itália) começou na fronteira entre Brasil e Argentina, em Dionísio Cerqueira (SC). “Atravessei a fronteira e percebi que, ao contrário do lado brasileiro, na Argentina o controle de imigração era rigoroso, com documento, motivo de viagem e quanto tempo vai ficar. Por isso, a Polícia Federal descobriu quando e onde ele deixou o Brasil”, diz Fernanda, que já planeja um livro sobre corrupção.   Clara Arreguy resume 25 dias de peregrinação em livro   O Caminho de Santiago, na Espanha, vira inspiração no quarto romance da jornalista Clara Arreguy. “Siga as Setas Amarelas – De Bicicleta no Caminho de Compostela” (Outubro Edições) tem lançamento neste sábado (22), às 11h, no Bar Orizontino (rua Antônio de Albuquerque, 395, Savassi). A seguir, a escritora fala sobre os 25 dias de peregrinação que a inspiraram:   O que seu livro tem de diferente se comparado a outras publicações de peregrinos? A principal diferença é que o meu é um romance, e não um guia ou relato objetivo. Parti da experiência de percorrer o Caminho de Santiago de Compostela de bicicleta com um grupo de amigos, exacerbando ou atenuando situações ao sabor do interesse literário. Não defendo nem critico o Caminho, apenas o releio como metáfora dos caminhos e descaminhos das personagens.   Por que percorrer este caminho? Muitos vão a ele motivados pela fé, pelo sentido de peregrinação. Mas sou movida por interesses culturais, históricos e, no caso da bicicleta, esportivos. Enquanto a gente percorre o Caminho, descobre gente, país, história, cultura, espaços de conhecimento e reflexão que vão muito além de uma busca espiritual, mas que não deixam de ser também espirituais.   As descobertas interiores que fez poderiam ter sido feitas em outros caminhos ou o da Espanha tem algo de mágico? Não acho que o Caminho de Santiago seja propriamente mágico, no sentido estrito da palavra, mas sim no amplo, por permitir o encontro consigo mesmo e com o outro. Senti isso em outros percursos também, como na Estrada Real, em Minas, e na Rota das Missões, no Rio Grande do Sul.   É caro fazer esta viagem? É caro. E requer algum treinamento anterior. A pé exige pelo menos 35 dias e de bicicleta fizemos em 25. Tivemos que levar bicicletas, alugar um motor-home para carro de apoio e até bancar, em sistema de “vaquinha”, a ida de um colega que não tinha recursos para ir.   O que resta para você percorrer? O mundo. Sonho em pedalar pela Toscana e em sair pelo mundo afora. Mas isso, só depois da aposentadoria.   Livro registra o Rally Paris-Dakar   A aventura de desbravar as dunas do Saara está eternizada no primeiro livro do jornalista Julio Cruz Neto, “O Caranguejo do Saara” (96 páginas, R$ 35), que será lançado neste sábado, das 11h às 13h30, na livraria Quixote (rua Fernandes Tourinho, 274, Savassi). A obra não fala da competição em si, mas do que a cerca, as pessoas que vivem nos rincões do deserto africano, a reação delas à passagem da caravana, o choque cultural, as histórias divertidas, perigosas, assaltos e ameaças terroristas.

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