Kendrick Lamar segue no topo com 'Damn.'

Lucas Buzatti
lbuzatti@hojeemdia.com.br
05/05/2017 às 16:46.
Atualizado em 15/11/2021 às 14:25

Depois do estouro de “To Pimp a Butterfly” (2015) e seus sete Grammys, era até difícil pensar que Kendrick Lamar se superaria. Mas, como se autodenomina o rapper paulista Rincon Sapiência, Lamar é um “MC acima da média”. Mais que isso, é um exímio contador de histórias, dono de um flow invejável e atento às questões de seu tempo. 

Depois de captar a luta do povo negro nos Estados Unidos frente ao racismo e à violência policial, agora o rimador de Comptom descortina seu universo pessoal e encara os próprios demônios em “Damn.”.

Na contramão da era dos singles, Lamar aposta em outro disco conceitual, cujas 14 faixas se amarram temática e musicalmente. Faixas nomeadas apenas por uma palavra, como a pesada “Humble” (Humildade); a cadenciada “Fear” (Medo); a melosa à lá Drake “Love” (Amor); a viajandona “Pride” (Orgulho); ou a sensual “Lust” (Luxúria). 

Na contramão das superproduções e firulas técnicas, “Damn.” chama atenção pelo rap cru, somente com rimas e beats. As participações são outra prova de que Lamar curte as linhas tortas. Afinal, que rapper chamaria Bono Vox para cantar junto? Você deve estar pensando: “Mas tem a Rihanna!”. Tem, rimando lado a lado com Lamar, e não relegada a uma só melodia no refrão. 

Mais uma vez, o mérito de Lamar é bater de frente com o status quo – do rap, da indústria fonográfica, do conservadorismo. E nessa missão, ele não guarda falsa modéstia – é só ouvir “Damn.” para tirar a prova.

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