Lino Facioli: o Robyn, de ‘Game of Thrones’

Não foram poucas as vezes em que, caminhando por Londres, onde está radicado, o brasileiro Lino Schmidek Facioli se via ao lado de alguém que não desgrudava os olhos do livro “A Song of Ice and Fire”, de George R.R. Martin. Pessoas que sequer imaginariam estar diante de um dos personagens da transposição da história para a TV, a série norte-americana “Game of Thrones”, de David Benioff e D. B. Weiss, cuja quarta temporada chegou ao fim mês passado, pela HBO, com recordes de audiência.    “Continuo levando vida normal”, garante Facioli ao Hoje em Dia, que na série interpreta Robin Arryn, um jovem herdeiro da família real que não sai do castelo. “Às vezes, um ou outro me aborda, mas nada que mude meu cotidiano. Mas tem sido sempre uma abordagem positiva. Em geral, sabem separar personagem do ator”, observa o intérprete de 13 anos, atualmente em cartaz nos cinemas do Brasil com a produção nacional “O Menino no Espelho”.    Seu personagem na adaptação da obra de Fernando Sabino, dirigida por Guilherme Fiúza, é muito diferente de Arryn, esse mais introvertido que o despachado e criativo “Fernando”, garoto que cria um sósia para lidar com as coisas chatas da vida. Desde pequeno residindo na Inglaterra, Facioli teve agora sua primeira experiência no cinema brasileiro.   E para ele, Fernando é quem está mais próximo do seu ideal de infância. “Uma infância que vem sendo substituída por eletrônicos. As crianças estão ficando cada vez mais dentro de casa, por causa também da violência. Sempre gostei muito de desenhar e brincar ao ar livre”, assinala Facioli, que não deixou de ter contato com a natureza mesmo numa grande cidade.   “Na escola primária, quase todo dia, depois da aula, ia para um lugar chamado ‘Oasis’. Era tipo um bosque com laguinho e casa na árvore, onde as crianças tinham liberdade para ser crianças”. As filmagens no Brasil aconteceram em Cataguases, no interior mineiro, “cidade na qual, por ser pequena, me senti bastante livre”.   Foi o primeiro protagonista de Facioli. “Uma experiência bem diferente e muito enriquecedora”, destaca ele, nascido em Ribeirão Preto (SP), e que responde com um “mais ou menos” quando indagado sobre pensar e falar em português. “Depois de um tempinho no Brasil, o cérebro começa a pensar em português. Cresci falando português em casa, com meus pais. Dessa forma, não foi difícil”, garante. Mas ele confessa que está em débito com a literatura brasileira. “Não li muitas obras. Como aprendi a ler e a escrever em inglês, a facilidade maior é com esse idioma, até por causa da escola”.    Sem traumas e tampouco exigências absurdas   De volta a Londres e torcendo para o sucesso de “O Menino no Espelho” nos cinemas, Facioli aguarda o convite dos produtores para a quinta temporada de “Game of Thrones”. “Ainda não tem nada confirmado”, avisa. E aproveita para desmentir alguns exageros em relação aos bastidores, como a suposta exigência para que o ator não ‘tome’ sol, deixando, assim, a sua pele pálida.   “Não é uma coisa tão radical, como se tivesse que ficar o ano inteiro fugindo do sol. Só tenho mais cautela um pouco antes das filmagens e passo protetor solar. Não é esse rigor que as pessoas imaginam”. Na verdade, ele até se diverte quando lê, na web, a preocupação com traumas decorrentes de cenas “fortes” em “Game”. Como a que apareceu mamando no seio da mãe, Lysa – no caso, foi usada uma prótese de silicone.