Livro imortaliza história de 23 cemitérios de Minas

Thais Oliveira - Hoje em Dia
05/05/2015 às 08:48.
Atualizado em 16/11/2021 às 23:54
 (Divulgação)

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Um ano de expedições percorrendo cemitérios pelas montanhas e serras das Gerais. A missão? Resgatar a memória cultural encontrada no universo da morte. O trabalho resultou no livro “Cemitérios de Minas: Cultura e Arte”, que será lançado esta noite.

Segundo a jornalista Christina Lima, que coordenou o projeto, foi o proprietário do Parque Renascer e Bosque da Esperança, Haroldo Felício, quem deu a ideia de fazer a publicação. “Como ele sempre visitou cemitérios do mundo inteiro, percebeu que era possível registrar a nossa cultura por meio desses lugares”, explica ela.

Ao todo, 23 pontos foram mapeados pelo arqueólogo Fabiano de Paula Lopes e devidamente registrados pelas lentes da fotógrafa Izabel Chumbinho. Conforme Christina, o principal critério utilizado nas escolhas foi a representatividade de cada local, seja para a cultura regional ou para a história de Minas e do Brasil.

“Em Januária, por exemplo, não encontramos arte alguma, mas os túmulos colocados em chão batido, junto a cruzinhas simples, simbolizam aquela terra. Da mesma forma, não poderíamos deixar de fora a Igreja Nossa Senhora da Conceição, em Ouro Preto, onde Aleijadinho foi enterrado, e o Cemitério Municipal Nossa Senhora Aparecida, em Juiz de Fora, que é um dos mais bonitos do Estado”, afirma.

A jornalista destaca também o cemitério Arquiconfraria de São Francisco, em São João del-Rei, onde foi sepultado o político Tancredo Neves, e o dos Heróicos Retirantes de Laguna, em Monte Alegre de Minas, onde dezenas de combatentes da Guerra do Paraguai foram enterrados. “Mas o que mais mexeu comigo foi o cemitério dos escravos, o Dr. Lund, em Lagoa Santa, que fica dentro de uma fazenda particular. Pessoas da região fazem peregrinação e rezam por aqueles escravos que saíram de uma terra tão distante para sofrerem depois. Foi um momento muito tocante”, completa.

Divergências

Também chamou a atenção de Christina o estado de abandono e as diferenças entre os sepulcros. “Vimos muitos locais superpopulosos, onde as pessoas foram sepultadas pelos corredores. Também há uma grande diferença entre os cemitérios rurais de pequenos municípios em relação aos das grandes cidades, que se transformaram em verdadeiros mausoléus”, diz.

Ao contrário do que pode parecer, a jornalista esclarece que o intuito do livro não é exaltar uma beleza mórbida. “A nossa proposta é trazer paz e tranquilidade”, assegura.

No lançamento, serão entregues à prefeitura da capital os 21 livros manuscritos – batizados de “Livros do Bonfim” e tombados pelo Patrimônio Municipal. Nos exemplares estão guardados parte da memória dos primeiros mortos de Belo Horizonte.

Ao todo, 1.500 livros serão distribuídos gratuitamente. Para adquirir um exemplar, os interessados devem enviar um e-mail para diretoria@parqueresnascer.com.br

Lançamento nesta terça-feira (5), às 19h, no Museu de Artes e Ofícios (Praça da Estação, Centro). Entrada franca.
 

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