Livro mostra o teatro e a dança pelas lentes de João Caldas

Miguel Anunciação - Hoje em Dia
24/03/2013 às 20:12.
Atualizado em 21/11/2021 às 02:13
 (João Caldas/Divulgação)

(João Caldas/Divulgação)

Um pesadelo recorrente aterroriza o fotógrafo João Caldas: justo ele, que morre de medo de subir em palcos, se depara sobre um e esquece do texto que estaria ali para dizer. Por ventura, é apenas um sonho: João não precisa subir em palcos e dizer textos. É fotógrafo profissional há pouco mais de 30 anos e se especializou em registrar espetáculos de teatro e dança.

Uma seleção da dedicação de João ao seu ofício, do seu talento com as lentes, de sua lealdade ao ambiente que retrata, se materializam em “Teatros por João Caldas”, caprichoso volume de fotos que capturou o melhor da cena paulistana deste período. Um documento de que os anos passam, mas o que é exuberante e fala por si, permanece. Por “o melhor da cena paulistana” imaginem o the best. Uma porção generosa de tudo o que houve de mais interessante na metrópole, de onde mais se produz teatro no país.

Para João parece ontem que tudo começou. E atribui ao acaso o auspicioso encontro com seu ofício: paulistano, um jovem bastante tímido, ele seguia os ensaios do irmão, Renato, num grupo amador de teatro. Por brincadeira, tomou emprestado à irmã a câmera “de recursos razoáveis” e passou a fotografar.

Suas imagens acabaram aproveitadas pela divulgação e o espetáculo virou um escândalo em São Paulo, na época. Uma espécie de ame-o ou deixe-o. O espetáculo era “Clara Crocodilo”, a versão teatral da ópera experimental de Arrigo Barnabé, sob a direção de Lala Deheinzelin.

Duas fotos em p&b desta montagem polêmica (que João denomina de “marco zero” da carreira que desenvolve desde 1981) abrem o percurso não-linear e não-cronológico de 130 fotos preciosas, deslumbrantes, irretocáveis. É pena termos lugar para apenas TRÊS. O livro merecia mais. Sem se conceder preferência a nenhum estilo ou gênero artístico, só à qualidade estética das imagens e à dinâmica mais interessante de colocá-las nas 160 páginas. Pouco se apega a destacar um trabalho mais bem-capturado: apenas “Ham-let”, de Zé Celso Martinez Correa, mereceu três imagens. 

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