Livro 'Os Porões da Contravenção' é lançado em BH

Cinthya Oliveira
cioliveira@hojeemdia.com.br
28/05/2016 às 18:57.
Atualizado em 16/11/2021 às 03:38
 (WILTON JUNIOR/ESTADÃO CONTEÚDO – 16.2.2015)

(WILTON JUNIOR/ESTADÃO CONTEÚDO – 16.2.2015)

Quando a ditadura militar acabou, muitos torturadores se viram perdidos. Não havia mais o respaldo do Estado para que continuassem cometendo crimes. Pode parecer surpreendente, mas muitos deles encontraram respaldo no crime organizado – especialmente no poderoso universo do jogo do bicho que toma conta da região metropolitana do Rio de Janeiro. 

Esses são alguns personagens que mostram a relação que existiu entre militares e contraventores durante os 20 anos de repressão. O assunto é tratado no livro-reportagem “Os Porões da Contravenção – Jogo do Bicho e Ditadura Militar: A História da Aliança que Profissionalizou o Crime Organizado” (Record), dos jornalistas Chico Otavio e Aloy Jupiara. A obra será lançada nesta terça-feira (31), às 19h30, na sala Juvenal Dias, do Palácio das Artes, dentro do projeto “Sempre um Papo”.
 

“Com o fim da ditadura, chegaram para os torturadores e disseram: ‘vocês serviram a pátria, mas a ditadura chegou e vocês vão ter que voltar a usar farda e seguir as normas do quartel. Muitos não aceitaram”Chico Otavio


 livro traz um material levantado pela dupla para o jornal “O Globo” e apresentado em uma série de reportagens em 2013. Ali, foram mostrados o resultado de uma apuração que envolveu mais de 50 entrevistas e muitas visitas a arquivos públicos. 



Paulo Malhães

O ponto de partida foi uma entrevista feita com o temido tenente-coronel Paulo Malhães, que depois do fim da ditadura, passou a viver de forma reclusa na Baixada Fluminense. 

“Estabeleci uma relação de confiança com ele e, numa entrevista, ele me contou que, em 1985, foi esvaziado no Exército. Contou que quem o acolheu, quem lhe deu abrigo, foi a contravenção e ele passou a servir os bicheiros, formando uma milícia. Pensei: ‘se isso aconteceu com ele, pode ter acontecido com outros’. E ali começou a pesquisa”, diz Chico Otavio, vencedor de sete prêmios Esso de Jornalismo.

Por incrível que pareça, os jornalistas não sofreram coação após o lançamento do livro – que, em sete meses, chegou à quarta edição. Aparentemente, a resposta foi o lançamento do livro “O Maior Espetáculo da Terra – 30 Anos do Sambódromo”, de Luiz Carlos Prestes Filho, que traz na capa fotos de alguns famosos presidentes de escolas de samba.

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