Livro repassa a vida da cantora lírica mineira Maria Lúcia Godoy

Pedro Artur - Hoje em Dia
14/10/2014 às 08:13.
Atualizado em 18/11/2021 às 04:36
 (Reprodução da capa)

(Reprodução da capa)

Aos 90 anos e dona de uma lucidez impressionável, a cantora lírica mineira (de renome internacional) Maria Lúcia Godoy lança nesta terça-feira (14), a partir das 19h, na Academia Mineira de Letras (rua da Bahia, 1466, Centro) o livro “Guardados de Maria Lúcia Godoy” (Coleção Memória e Sociedade, Sesi-SP Editora, 172 páginas, R$ 49,90), que reúne crônicas, correspondências e depoimentos – como dos poetas e/ou compositores Carlos Drummond de Andrade, Vinícius de Moraes e Cartola, para citar alguns.

Ao Hoje em Dia, instada a fazer um repasse de sua carreira, Maria Lúcia conta que desde o início procurou manter o “coração leve”. “Sem saber da importância real que tinha ao cantar com as maiores orquestras do mundo. Ia como uma menina. Eu queria cantar”, rememora.

Mas, claro, ainda assim, ia sempre imbuída da convicção de querer fazer bonito. “E sempre com as ‘Bachianas’, sucesso extraordinário. Culpa do Villa-Lobos”, brinca, com humilde e elegância, a dona da voz que recebeu, ao longo da carreira, elogiosas críticas de publicações como “The Guardian”, de Londres, e do “The New York Times”.

No livro, é possível conferir também o seu trânsito livre entre o erudito e o popular. De Puccini às serestas mineiras. “Era cantadeira de seresta, com muito orgulho. Interpretei também ‘Sabiá’ (Chico Buarque e Tom Jobim) com a mesma interpretação, com a minha natureza musical”, frisa Maria Lúcia, que gravou o disco de seresta “Cantares de Minas”, em 1985.

CD Infantil e biografia

A parceria entre palavra e música está sempre presente na trajetória de Maria Lúcia Godoy. E vai rendendo frutos. Tanto que a mineira espera lançar, até o final deste ano, um CD direcionado ao público infantil, “Acalantos”, no qual reunirá sete obras de sua própria lavra – como “O Sapo” e “A Lua” – bem como de outros autores, caso de Heitor Villa-Lobos e Francisco Mignone.

“Escrevo desde menina. Eu já fazia poesias infantis quando tinha seis, sete anos, e também quando fui diretora do jornal infantil da escola”, lembra.

Ainda em “Guardados”, ela traça perfil do pai e da mãe com rara sensibilidade – e evidente saudade. Incansável, ela projeta um novo livro: pretende escrever uma biografia.

Minas, sempre Minas

Em toda sua obra, a cantora lírica inspira – e transpira – Minas Gerais. “Sou super Minas; sou Minas inteira. Sou muito calada, não sou de dar entrevistas. Mas nesse ‘noventão’, está na hora de falar um pouquinho. Minas é minha pátria, meu Brasil”, define.

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