Livro traz histórias Do Super-homem aos Vingadores

Paulo Henrique Silva
pherique@hojeemdia.com.br
28/04/2017 às 18:14.
Atualizado em 15/11/2021 às 14:19

A primeira missão de um super-herói não foi livrar a Terra de uma ameaça externa. O perigo era mais real: a quebra da bolsa de 1929, que deixou o povo sem dinheiro e com a auto-estima lá embaixo. É essa história que Brian J. Robb conta no livro “A Identidade Secreta dos Super-Heróis” (Editora Valentina, 304 páginas, R$ 44,90).

A publicação traça a evolução de personagens que hoje encabeçam as principais estreias de cinema do país, como Superman, Batman, Homem de Ferro e Homem-Aranha. “Superman surgiu, em 1938, enfrentando gângsteres que se aproveitavam da situação econômica ruim do país”, destaca o tradutor André Gordirro.

Também crítico de cinema, André lembra que os “super” sempre refletiram a cultura de uma determinada época, ressaltando que, nos anos 50, a Guerra Fria gerou vários cientistas malucos como vilões. “Depois de ‘Guerra nas Estrelas’, no final dos 70, com a molecada doida com naves espaciais, a ameaça passou a ser cósmica”.

Na década seguinte, a violência urbana passou a ser o grande tema. “Foi nesse contexto que surgiu o Justiceiro, para quem bandido bom era bandido morto. A vontade da sociedade era acabar de vez com todos eles”, registra. Nesse século, enquanto os heróis aportaram com força na tela grande, os gibis trataram de exibir diversidade.

Contextualização

“Ir contra a normatividade da sociedade está na pauta de hoje, o que fez surgir heróis negros, latinos, muçulmanos... Isso também reproduz o perfil do leitor de agora, que antes era o nerd, gordinho, branco e heterossexual”, pontua André, que recheou o livro de notas do tradutor para aproximar esse universo dos brasileiros.

“É difícil falar algumas coisas sem contextualizar. Como os quadrinhos da DC e Marvel foram publicados por várias editoras no Brasil, eles mudavam de nome, o que gerou uma salada ao longo do tempo. Creio que isso dá uma enriquecida ao trabalho do autor”, avalia o tradutor, que vê a invasão de heróis no cinema como uma onda.

“Por enquanto, estamos na crista da onda. Eles são os que mais fazem dinheiro em Hollywood. É um dinheiro fácil de fazer, entre aspas. Afinal, bebem da fonte de gibis publicados há 50 anos, podendo pegar o melhor das fases de cada herói e adaptar, já que agora é possível realizar cenas que antes eram impossíveis”, analisa.

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