Livros como “O Capital no Século XXI” dominam as rodas de conversa no país

Vanessa Perroni - Hoje em Dia
24/11/2014 às 07:47.
Atualizado em 18/11/2021 às 05:08
 (Frederico Haikal/Hoje em Dia)

(Frederico Haikal/Hoje em Dia)

Quando não estão esgotados, nem precisa procurar muito. Eles estão logo ali, dispostos em lugar de destaque na maioria das livrarias do país. Não bastasse, se tornaram assunto recorrente nas redes sociais, programas televisivos de relevo (como o “Observatório da Imprensa”, capitaneado pelo veterano Alberto Dinis) e nas rodas de conversa que reúnem os mais antenados. Recebidos com avidez por uma leva considerável de leitores, publicações como “O Capital no Século XXI” estão dando o que falar e já adentraram a lista das obras que você “tem que ler”.

Lançado no primeiro semestre deste ano o livro do francês Thomas Piketty, “O Capital no Século XXI”, que fala sobre a divisão do patrimônio, se tornou a publicação sobre economia mais debatido dos últimos anos. “O livro traz uma compilação de dados sobre a desigualdade, e por isso me chamou atenção. Está causando mais conversa no meio acadêmico, do que no mercado”, comenta o economista Frederico Valle, de 32 anos, que adquiriu um exemplar há uma semana.

Para o administrador Cláudio Lopes trata-se indubitavelmente de um livro também para não economistas. “Quem se interessa pelo assunto deve ler, pois a obra fala de desigualdade de renda e sua evolução no tempo de forma bem construída. Mas é polêmico”, adverte.

Na verdade, a opinião de Cláudio vai ao encontro da manifestada por Alberto Dines no já citado programa da TV Brasil: o jornalista ressaltou a importância de, mesmo tratando de economia, a obra, por sua linguagem acessível, atender a um espectro mais amplo de leitores.

Tanto estardalhaço – seja por este título específico ou por outros, como o novo livro que traz a assinatura disputada de Chico Buarque – faz com que as livrarias se antecipem para não deixar o cliente insatisfeito. “Nós acompanhamos as revistas especializadas e temos por base o que a clientela busca. Diante disso, já vamos preparando o estoque. No caso do livro do Piketty, acabamos tendo que solicitar mais exemplares à editora (Intrínseca), pois os volumes que disponibilizamos se esgotaram”, relata o coordenador da Livraria Leitura do BH Shopping, Jader Rocha.

Foster Wallace é outro a ter séquito de fãs

Chico Buarque de Hollanda. Basta pronunciar o nome que pertence ao “moço dos olhos cor de ardósia” para provocar um rebuliço, um inequívoco frisson. E quando se trata da publicação de uma obra do grande nome da MPB o auê é ainda mais amplificado. Antes de chegar às lojas, no último dia 14, o livro “Irmão Alemão” (Companhia das Letras) já estava ali, figurando, solene, na lista de espera de diversas livrarias da capital mineira. “Recebemos muitos pedidos aqui, na loja. Só por ser Chico Buarque já causa um barulho, ainda mais depois dos últimos acontecimentos políticos, onde seu nome ficou em evidência”, analisa o proprietário da livraria Quixote, Alencar Perdigão, referindo-se ao engajamento do artista, explicitado na campanha.

A relações públicas, Camila Muniz, 30 anos, aguardou ansiosa a chegada do livro. “Gosto muito do estilo de escrita do Chico Buarque. ‘Budapeste’ está na lista dos meus preferidos. E ‘Irmão Alemão’ é daquelas histórias que prendem. Certamente, um livro que tem que ler”, afirma.

“Infinite Jest” do escritor David Foster Wallace, que se matou em 2008, foi traduzido pelo curitibano Caetano Gallindo e chega às livrarias dia 1º de dezembro, com o título “Graça Infinita”. Publicado originalmente em 1996, o calhamaço de mil páginas foi considerado, pela revista americana “Time”, um dos 100 melhores romances de língua inglesa do século passado, e se tornou um dos mais aguardados do ano.

Entusiasta da literatura de David Foster, o psicólogo Rogério Teixeira, 34 anos, nem conseguiu esperar pela versão em português – apesar de estar ansioso para adquiri-la no próximo mês. “Tive o primeiro contato com a obra dele em 2009 e li diversos livros, além de seus textos na internet. É um escritor com uma capacidade analítica muito aguçada. O ‘Infinite Jest’, tive a oportunidade de comprar em uma viagem, e estou na metade do livro. É fascinante. Recomendo para todos os meus amigos”, afirma.

Há uma carência de substituições de grandes clássicos, segundo o proprietário da livraria Asa de Papel, Álvaro Gentil, se referindo à comparação entre “Ulysses”, do irlandês James Joyce, e a obra de Foster. “Isso ocorre quando aparece um escritor efetivamente bom. E Davis Foster é um autor que merece ser lido sem que façam este paralelo”, garante.
 

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