Longa de estreia do mineiro André Novais pode representar o Brasil em Cannes

Paulo Henrique Silva - Hoje em Dia
19/02/2014 às 07:40.
Atualizado em 20/11/2021 às 16:07
 (Samuel Costa/Hoje em Dia)

(Samuel Costa/Hoje em Dia)

Não é raro ouvir um realizador dizer que o set de filmagem parecia uma grande família, devido ao fácil entendimento entre todos os envolvidos. No caso do diretor mineiro André Novais, não se trata de força de expressão.

Depois de pôr em cena a sua namorada, Élida, no premiado curta-metragem “Pouco Mais de um Mês”, Novais faz a sua estreia em longa com uma dupla de atores que o conhece desde... o primeiro dia de vida.

“Ela Volta na Quinta” é protagonizado pelos pais do cineasta, Maria José e Norberto, além do irmão Renato. Novais não gosta de falar muito da história do filme, para não estragar a surpresa, mas avisa que ela não é baseada na realidade.

Só adianta que o filme trata do fim de uma relação. “Não é sobre uma faixa específica. Reflete sobre os relacionamentos em geral, de várias gerações”, observa, deixando claro que seus pais não estão em crise no matrimônio.

A produção está em fase de finalização, mas já chamou a atenção dos curadores do badalado Festival de Cannes, na França, podendo disputar a Palma de Ouro na edição que começará em maio.

Mesmo ainda não sendo a cópia final, faltando o tratamento de som e cor, ele será exibido entre hoje e sábado, em sessão privada, num cinema do Centro Cultural do Banco do Brasil, no Rio de Janeiro, ao lado de outros 12 longas.

As exibições fazem parte do projeto “Encontros com o Cinema Brasileiro”, realizado pela Agência Nacional de Cinema (Ancine) em parceria com o Ministério das Relações Exteriores (MRE).

A produtora de Novais, a Filmes de Plástico, sediada em Contagem, enviou apenas um teaser e o currículo do realizador para a fase de inscrição. “O teaser era bem simples. Não sei o que contou para a seleção”, registra.

Certamente a menção honrosa na seção Quinzena dos Realizadores de Cannes, recebida por “Pouco Mais de um Mês” no ano passado, pesou nessa balança. O diretor, no entanto, como bom mineiro que é, prefere não criar expectativas.

Filmagens foram feitas em Contagem, Mateus Leme e Belo Horizonte

Com seu jeito tímido, André Novais traça alguns paralelos com seu curta anterior, como a linguagem naturalista e o foco numa relação amorosa. Em “Pouco Mais de um Mês”, o diretor acompanha o início titubeante de um namoro – ele e Élida nos papéis centrais.

Outro ponto em comum é a preferência por locações reais. A maior parte das cenas acontece na casa de seus pais, no bairro Amazonas, em Contagem. As filmagens também ocorreram em Belo Horizonte e Mateus Leme.

“Esse aspecto os ajudou (Maria José e Norberto) a entrarem mais no filme. Trataram o pessoal da equipe técnica como se fosse da família, o que fez todo mundo se sentir bem”.

A ideia inicial era fazer um curta com os R$ 87 mil aprovados pelo Filme em Minas, programa estadual de estímulo ao audiovisual. A ampliação da duração só implicou no aumento das diárias: 15 (mais dois dias de folga).

“Foi a continuação de um trabalho que já desenvolvíamos, com orçamento pequeno e equipe reduzida”, salienta, citando os filmes anteriores da Filmes de Plástico, hoje uma das principais produtoras do Estado.

Ele não sabe explicar as razões de Contagem ser hoje o reduto da novíssima safra do cinema mineiro. “Já tinha muita gente daqui que fazia filmes. A diferença agora é que os filmes estão sendo rodados em Contagem”. (PHS)

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