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“Você costuma prestar atenção no chão que pisa?”. Bem, a jornalista mineira Paola Carvalho não só olha por onde anda, como fotografa os pavimentos dos prédios que visita em Belo Horizonte e pelo mundo. Apaixonada por arquitetura, ela, juntamente com a designer Raíssa Pena, criou a página no Facebook e Instagram para divulgar os cliques, intitulados “Chão que eu piso”. “Muitos amigos viram que postava fotos de chão com muita frequência e passaram a contribuir, enviando fotos de pavimentos que julgavam interessantes”, conta Paola. Com essa ajuda, e as hashtags utilizadas nas redes sociais, as moças passaram a receber imagens do mundo todo. “Recebemos fotos de todos os continentes. E de pessoas que nem conhecemos”, celebra. O projeto, iniciado em 2013, ganhou outros desdobramentos. Saiu do universo virtual e virou capa de caderno, pôster e ímãs. A partir dessa quarta-feira (27), os desenhos de pisos de prédios históricos da cidade poderão ser vistos nas embalagens de doces da Frau Bondan. Intitulada “Da Estação à Liberdade”, a coleção traz – em um primeiro momento – duas estampas. O ladrilho do Edifício Alcindo da Silva Vieira, atual Centro Cultural da UFMG, e o chão do Museu de Artes e Ofícios. “Essa é a primeira coleção, mas vai continuar. Ela vai passar por prédios do centro de BH, do bairro Lourdes e termina na Praça da Liberdade”, conta. Memória afetiva Paola frisa que o projeto, assim como a coleção em parceria com a Frau Bondan, são pautadas na memória afetiva. “Muitas pessoas mandam fotos do chão da igreja onde se casaram. Nessa foto alguém comenta que é o mesmo piso da casa da avó, e outros dizem que é o da escola onde estudaram”, relata a moça que percebe essas reações como uma rede de memórias. A maioria das fotos vem acompanhada de um relato histórico sobre o lugar. “O legal é saber o quê teria acontecido sobre esse piso. Que história ele guarda. A apuração dessas informações, fazemos in loco ou em páginas oficiais na internet”, revela. O próximo passo das moças, que já possuem uma loja virtual, é oferecer serviços personalizados. “Podemos fazer um caderno de receita com o piso da casa da sua avó”, exemplifica Paola. Mas uma coisa é certa: com esse projeto, ela fez muitos amigos passarem a andar olhando para o chão. “Virou vício não só meu, mas dos amigos. Eles comentam que não conseguem mais andar na rua sem prestar atenção no chão”, se diverte Paola. Já são 2.800 fotos. Dessas, 1.500 foram enviadas, e 120 possuem registros históricos.