(Divulgação)
Marcílio França Castro é um dos destaques da literatura contemporânea de Minas Gerais. O escritor belo-horizontino chegou a receber o Prêmio Literário Biblioteca Nacional, por conta de seu segundo livro de contos, “Breve Cartografia de Lugares sem Nenhum Interesse” (7 Letras, 2011).
O escritor agora divulga seu terceiro trabalho, “Histórias Naturais” (Companhia das Letras, 200 páginas, R$ 39,90), que será lançado neste sábado, às 11h, na Quixote Livraria e Café (Rua Fernandes Tourinho, 274, Savassi). Confira a entrevista sobre a obra.
Como foi o processo de construção de “Histórias Naturais”? Que característica une os textos escolhidos?
O embrião do livro está em quatro textos curtos que publiquei em 2013 na Folha de S. Paulo, já com o título de “Histórias Naturais”. Minha proposta inicial era a de uma série de ficções que brincasse com a lógica das coisas, transpondo o código de um campo de conhecimento para outro. Depois vieram as narrativas mais longas, duas delas publicadas na revista Piauí. O projeto então mudou um pouco, ampliou-se, mas sem perder a ideia de deslocamento do olhar – uma espécie de realismo enviesado que está presente em todo o livro.
O que há de diferente entre “Histórias Naturais” e seus dois livros anteriores?
Cada livro tem um tempo e um caminho próprios. Meu livro anterior, o “Breve Cartografia de Lugares sem Nenhum Interesse”, foi o resultado de um projeto premiado com a Bolsa Funarte. São narrativas que se constroem a partir dos espaços desprezados, anódinos, sejam eles concretos ou imaginários. O primeiro, “A Casa dos Outros” (7Letras, 2009), é uma coletânea de textos mais dispersos, nos quais, porém, sempre se encontra um personagem de passagem ou fora do lugar. Já as “Histórias Naturais” têm um tom mais enciclopédico, de compêndio, e narrativas que, sem serem fantásticas, transitam entre o improvável e o insólito.
Para você, como é um bom livro de contos? Quais são os segredos ao desenvolver um bom livro de contos?
Não gosto muito do termo “conto” para definir o que escrevo, especialmente no caso deste último livro. O conto, apesar de sua versatilidade, costuma dar a ideia de uma história condensada, com enredo e personagens, e uma chave secreta para atrair o leitor. Me agrada mais pensar que escrevo ficções, sejam elas breves ou longas, e que a forma dessa ficção pode ser um comentário, um conjunto de notas, pode ser um verbete, uma indagação. Pode ser até mesmo uma história tradicional. Para escrever um livro assim, não há, evidentemente, segredo nenhum, a não ser a imaginação e o trabalho exaustivo, além de altas doses de desconfiança e autocrítica.
Planeja escrever um romance?
Venho escrevendo textos breves, e outros que se alongam cada vez mais. Tenho sim o projeto de uma narrativa de maior fôlego, e já comecei a trabalhar nela. É algo que ainda vai me exigir uns dois ou três anos de trabalho.
OUTROS LANÇAMENTOS
‘Na Solidão do Outro’
O segundo livro de Mauro Brandão traz a história de Frederico Zanon, um pacato professor que se envolve com as pessoas com quem sonha e se apossa da identidade da pessoa naquele sonho. Lançamento amanhã, às 19h, na Biblioteca Pública. Editora Letramento. 334 páginas. R$ 35.
‘Meu Pé de Alecrim Deu Fulô’
O sexto livro de Joaquim Celso Freire retrata as tentações do homem aos 90 anos, a partir do personagem José Silva, pescado de “Um Silva de A a Z” (2007) e “O Rio das Minhas Manhãs” (2012). Lançamento amanhã, às 19h, na Leitura do Pátio Savassi. Alpharrabio Edições. 96 páginas. R$ 30.
'O Romance inacabado de Sofia Stern'
Thriller, auto-ficção e história se misturam em livro sobre duas amigas que vivem na Alemanha nazista e um neto que tenta resgatar o passado da avó. Terceiro romance do carioca Ronaldo Wrobel, autor do elogiado “Traduzindo Hannah” (2010). Editora Record. 256 páginas. R$ 39,90.