Marilda castanha lança livro pela Abacatte Editorial

Lady Campos - Hoje em Dia
24/08/2015 às 07:32.
Atualizado em 17/11/2021 às 01:28

A última reforma ortográfica da língua portuguesa aconteceu em 2009 e, de lá pra cá, é difícil encontrar alguém que não estranhe, por exemplo, escrever contrarregra sem hífen, linguiça sem trema e Polo Norte sem acento diferencial. Envolvida, nesta mesma época, na escrita do livro “Mil e uma Estrelas” (Edições SM), a autora e ilustradora Marilda Castanha, de 51 anos, não se furtou a ler manuais e imaginar o quão revoltados estariam os sinais gráficos e de pontuação.

Desse contexto nasceu “Contos Ortográficos” (Abacatte Editorial), livro que será lançado dia 17 de outubro, na Livraria e Café Quixote, na Savassi.

“Comecei a olhar, na época, manuais e a me informar sobre o que realmente ia mudar no acordo ortográfico. Viajei numa história. E se eu fizesse um livro com personagens sinais gráficos e de pontuação? E se eles se revoltassem com a reforma? Peguei sobras de papel Schoeller (de uma marca alemã) e desenhei os primeiros personagens”, lembra Marilda, que, de início, considerou a história “fraca” – e a engavetou. Depois de um tempo, criou mais personagens, acrescentou os mesmos à narrativa e teve coragem para apresentá-la à editora (Abacatte), que abraçou a ideia de pronto.

CRIATIVIDADE

Composta por nove contos com personagens que gravitam, de modo geral, em torno da reforma ortográfica, a publicação narra a história do homem Vírgula, que cai em um buraco por uma frase pronunciada com a vírgula no lugar errado; ou do revoltado Sr. Hífen, que se sente preterido por arrogantes Erres e Esses. As artistas Irmãs Aspas também aparecem, mas só por necessidade. Detalhe: sempre unidas. Tem, ainda, a soberana Exclamação.

Cidade ortográfica

A narrativa tem como pano de fundo a cidade ortográfica, que segundo a autora, tem rua, avenida ou estrada, beco, ponte ou ferrovia... cada centímetro quadrado em constante movimento. E como não poderia deixar de ser, na cidade ortográfica também mora o Manoel Português, um amável dono de padaria que se atropela na hora de alertar um esquisito freguês, o Homem Vírgula. Em vez de dizer “Cuidado com aquele buraco. E dele afaste-se, rápido!”, Manoel pronunciou a infame frase: “Afaste-se rápido”. Pobre Homem Vírgula!

Sem intenção de escrever um livro que sirva como manual ou incentive o aprendizado da língua, a autora afirma que só queria brincar com as palavras.

“Escrevi e desenhei o livro sem pretensão didática. Brinco com as palavras, que são usadas de muitas formas, com sentido figurado, com olhar crítico, às vezes irônico e engraçado”, diz Marilda, acrescentando que fez os desenhos sem usar esboço. “Fui inventando formas espontâneas e desenhos soltos em (tinta) acrílica”.

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