Há exatos 50 anos, morria Edith Piaf. A data, claro, não poderia passar despercebida na França, onde uma enxurrada de filmes, shows e livros, incluindo uma biografia que se propõe a desfazer alguns dos mitos que cercam a vida deste "mito francês".
Trata-se da biografia "Piaf, um mito francês", escrita por Robert Belleret (do Le Monde) e publicada pela editora Fayard. Belleret se baseou principalmente em uma centena de cartas enviadas por Piaf a seu confidente, Jacques Bourgeat, ainda inéditas.
O autor também descobriu centenas de arquivos, importantes para esclarecer muitas das mentiras e meias-verdades em torno da vida turbulenta da cantora.
No Brasil, a homenagem fica por conta de um disco de Fábio Jorge, que acaba de lançar, de forma independente, o disco "Edith". O cantor cresceu ouvindo clássicos da música feita na França, país de origem de sua família materna. A interação com a língua francesa foi sempre tão intensa, que lançou dois álbuns de repertório dedicado exclusivamente ao idioma, "Chanson Françoise" (2009) e "Chanson Françoise 2" (2011).
"Edith" chega ao mercado em uma data marcante. Hoje faz exatos 50 anos que a cantora francesa morreu em decorrência de uma vida de excessos – em especial, de morfina – e por isso os shows de lançamento acontecem sábado e domingo, em São Paulo. Com 11 faixas do repertório de Piaf (entre elas, claro, estão "Non, Je Ne Regrette Rien", "Padam Padam" e "La Vie En Rose"), o álbum conta com a participação de Claudette Soares.
Inspiração
Para Fábio Jorge, esse trabalho tem uma alta carga de afetividade. É a sua homenagem à artista que venerou desde a infância. "A música dela servia de inspiração para todos os momentos da vida. Quando era adolescente, na hora de estudar, colocava a música dela na maior altura. Era algo tão forte, que eu me tornei um colecionador, comprando tudo que conseguisse sobre ela: material impresso, vinis, CDs, livros", diz o artista.
Antes de compreender a língua francesa plenamente, eram as músicas de tom realista que mais o impressionavam. "Eram canções de amor que carregavam uma intensa teatralidade. Era tudo muito dramático. Com ela, descobri que cantar não é apenas cantar, é também interpretar. Ela carregava o acento na hora certa".