Mercado publicitário desenvolve estratégias para transformar criações em virais da internet

Vanessa Perroni - Hoje em Dia
14/03/2015 às 11:16.
Atualizado em 18/11/2021 às 06:20
 (Reprodução)

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Parecia um vídeo íntimo de Sabrina Sato. As imagens da apresentadora, só de calcinha, causaram rebuliço na internet e foram assunto em botecos e redes sociais. Mas não passava, na verdade, de uma bela sacada de publicitários antenados na força da web. A exemplo dos idealizadores dessa campanha, que divulgava uma marca de absorventes, outros profissionais da propaganda já se atentaram para o fato de que é perfeitamente possível criar um viral. Ou até tornar vídeos “acidentais” aliados de peso.

Os virais – que você já deve ter presenciado na internet, em especial nas redes sociais – são conteúdos de sucesso instantâneo e que se espalham rapidamente. Não há uma data exata de quando o termo passou a ser utilizado no Brasil, mas de acordo com a gerente de parcerias estratégicas do Youtube – que completa uma década este ano –, Amy Singer, o brasileiro é o povo que mais consome os vídeos da plataforma.

Isso ajuda a explicar o porquê do mercado publicitário brasileiro estar tão atento aos virais. Além do Youtube, redes sociais como Facebook e Twitter também são ferramentas levadas em conta ao se desenvolver uma estratégia. “Se um amigo compartilha um vídeo, a probabilidade de você gostar é 20% maior”, afirma a analista de mídias sociais Mariana Lopes.

Esse tipo de dado é monitorado diariamente pelas agências de propaganda. “Atualmente o publicitário que não está ligado no que acontece no mundo virtual fica de fora do mercado. Muitas propagandas vão primeiro para a internet”, afirma ela.

Os primeiros segundos do vídeo são cruciais. “Alguns estudos mostram que os espectadores formam um julgamento entre o terceiro e o quinto segundo”, explica Mariana, que revela que há um novo termo dentro da publicidade chamado Marketing Viral.

O segredo? “Os vídeos precisam despertar sensações. As pessoas querem compartilhar sentimentos. Como um vídeo curioso, engraçado ou de um bebê fofo”, exemplifica.

Pôneis malditos:

Propaganda Itau - Bebê rindo:

Luiza no Canadá:

Charlie mordeu meu dedo:

Nissim Ourfali - Bar Mitzvah :

Luisa Marilac



 

Campeões de audiência substituem os quadros de ‘pegadinhas’ na TV

Longe das estratégias de marketing e reuniões publicitárias, inúmeros vídeos, até mesmo os considerados “toscos”, caem nas graças dos internautas. Quem não se lembra dos “bons drink” de Luisa Marilac, ou dos irmãos cantando “Para Nossa Alegria”? “Esses são exemplos de virais acidentais, quando não há como prever se vão ganhar repercussão ou não”, explica o publicitário Rubens Monteiro.

De olho nesses sucessos instantâneos, muitas empresas incorporam esses “belos acidentes” em suas propagandas. Um dos casos foi o vídeo de um bebê gargalhando pelo simples fato de seu pai rasgar uma folha de papel. A “fofurice”, que se espalhou em 2012, foi parar no comercial de um banco privado.

Quem poderia imaginar que a brincadeira entre dois primos de Taió (SC) iria se espalhar na web? Os protagonistas do vídeo, Leandro e Marcos, ficaram conhecidos pelo vídeo que narra uma descida de carrinho de rolimã, o famoso “Taca-le pau nesse carrinho”. Essa peripécia levou os garotos a virarem estrelas do comercial do Grande Prêmio do Brasil de Fórmula 1, de 2014. “Esse tipo de ação mostra como as empresas estão alerta ao que ocorre na internet. Como o público já possui uma identificação com o vídeo, o comercial tem maior aceitação e vira assunto”, frisa Monteiro.

Esses casos mostram uma inversão no comportamento da publicidade. “Hoje é preciso pensar em uma campanha primeiro para a internet. Ou as veiculadas na TV dialogarem de alguma forma com a web”, ensina.

Mas não é só o universo da publicidade que se aproveita dessa força do mundo virtual. Muitos músicos já descobriram as vantagens de “viralizar” um vídeo. Lançado em julho de 2012, “Gangnam Style”, do coreano PSY, em pouco tempo se tornou um viral mundo afora e alcançou um bilhão de visualizações em dezembro do mesmo ano. Em maio do ano passado o vídeo bateu mais um recorde e chegou à casa dos dois bilhões.

O funk “Passinho do Volante”, lançado em 2013, teve mais de 107 mil visualizações em apenas um dia. A música do grupo MC Federado e os Leleks chegou a entrar no comercial de uma marca alemã de automóveis devido ao sucesso na internet. “Atualmente muitos programas de TV reservam um espaço para passar os vídeos que bombaram naquela semana na internet. Eles estão substituindo os quadros de pegadinhas e outros do gênero”, comenta o publicitário.
 

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