(Downtown Filmes)
Além de apontarem para uma bem-sucedida geração de comediantes, filmes como “Meu Passado me Condena”, “De Pernas pro Ar” e “Até Que a Sorte nos Separe” alcançaram o topo das bilheterias ao darem um tempero brasileiro às formulas hollywoodianas de fazer humor, calcadas numa acelerada sucessão de equívocos e na afirmação que os opostos se atraem.
E quando esses mesmos filmes chegam a uma segunda parte – o mais recente é “Meu Passado me Condena 2”, com estreia nessa quinta – o que era um diferencial acaba se perdendo em favor de uma solução tipicamente americana: muda-se o cenário e repete-se o conflito original, por receio de descaracterizar o que seria o principal elemento de sucesso.
No caso da comédia romântica protagonizada por Fábio Porchat e Miá Mello, o casal troca um cruzeiro por uma viagem de última hora para uma fazenda em Portugal, devido à morte de um parente. As brincadeiras deixam de ser sobre os bastidores de um navio, mote para mostrar diferenças econômicas, rituais consumistas e um mundo de aparências, e partem para batidas distinções culturais.
Um “quê” de ingenuidade
Fábio não é mais um pão-duro, um “loser” incapaz de se enquadrar – como os personagens de Jerry Lewis – aos padrões. E todas as ações, por mais machistas que podiam parecer, tinham um quê de ingenuidade e deliciosa afronta ao status quo.
Agora, ele é um incompreendido justamente porque Miá não consegue enxergar essa pureza (bem brasileira, é verdade). Para ampliar essa sensação, surgem uma mulher que endeusa suas bobagens e um homem que se revela mais machista do que Fábio. Combinações que, em pouco tempo, esgotam o potencial cômico, recheando o filme com os piores clichês.