(Paulo abreu/Divulgação)
As vivências da cantora e compositora mineira Elisa de Sena são o pano de fundo para as músicas que compõem o disco “Cura”, primeiro álbum solo da carreira dela. “Digo que ele demorou 37 anos para ficar pronto. É a minha vida inteira, uma produção diária”, afirma.
Composto por 11 faixas, sendo duas poemas sonoros escritos durante o processo de gravação do álbum, o disco reflete as experiências da artista, reunindo canções escritas em diversos momentos da vida de Elisa.
“É um trabalho que representa muito para mim. Um marco na minha trajetória como artista solo, já que venho há muito tempo trabalhando em coletivos e grupos musicais”.
Nas canções, a artista coloca em cena importantes questões e discussões que permeiam a própria vivência como mulher negra e mãe.
“Vivemos em um mundo que ainda é muito racista e machista. Como mulher negra, vivo várias coisas que refletem essa sociedade e não há como fugir desse discurso, nem quero fugir. Quero usar minha arte como instrumento de transformação social”.
Para ela, a discussão dessas temáticas é uma forma de dar continuidade à luta da mulher negra. “Me sinto representada por várias mulheres e sinto que posso fazer várias coisas porque elas lutaram antes de mim. Então, quero continuar o trabalho para que as mulheres que estão vindo tenham ainda mais oportunidades e liberdades que eu”, sublinha.
A trajetória artística de Elisa – integrante do Tambor Mineiro e do Coletivo Negras Autoras – também fica evidente no disco, que traz uma mistura de música eletrônica, com a percussão afro-mineira e afro-brasileira e MPB.
A percussão não ditou apenas a forte presença dos instrumentos no disco. Foi também o ponto de partida das canções.
“A maioria das pessoas costuma compor a partir do violão e do piano. Como não toco bem nenhum instrumento harmônico, crio a partir da percussão. Se eu fosse sentar e tirar a música no violão desde o início, talvez ela fosse ter mais a cara de outra pessoa e não a minha”, diz.
Show
Selecionado pelo Natura Musical, o álbum ganha os palcos em 8 de setembro, quando a cantora e a banda – formada por Leticia Damaris e Gustavo Cunha, Ricardo Campos, Dj Black Josie (que também é responsável pela produção do disco) e Manu Ranilla – se apresentam no Teatro Francisco Nunes. A entrada para a apresentação é gratuita.