Mineira radicada na Europa abre o espetáculo da companhia Primeiro Ato no "Terça da Dança"

Vanessa Perroni
vperroni@hojeemdia.com.br
29/08/2016 às 19:34.
Atualizado em 15/11/2021 às 20:36
 (Lucas Prates)

(Lucas Prates)

Há nove anos, a bailarina Luiza Braz, de 26, rompeu as montanhas de Minas para riscar os palcos da Europa. “Sempre que posso, venho recarregar as energias e trocar experiências”, diz. Luiza participa hoje do projeto “Terça na Dança”, no Teatro Francisco Nunes. A noite terá ainda o espetáculo “InstHabilidade”, do grupo Primeiro Ato, onde a bailarina se formou.

Na capital, Luiza vai apresentar “#SOLO”, trecho de um trabalho desenvolvido na Alemanha, onde mora desde 2008. Por lá, o lançamento deve acontecer somente em 2017. A montagem aborda a solidão experimentada pelo ser humano em uma época onde todos estão conectados. “Falo da solidão que as pessoas vivem por causa das redes sociais. É uma crítica, pois o que seria uma possibilidade de conexão deixa as pessoas mais desconectadas da vida real. É a eterna busca do se sentir amado”, afirma.

O trabalho de Luiza, de certa maneira, dialoga com o espetáculo “InstHabilidade”, do Primeiro Ato – grupo no qual ela deu os primeiros passos, aos 7 anos. “O Primeiro Ato vem com uma coreografia sobre a condição de estar vivo e as habilidades que temos para lidar com a instabilidade da vida. O ‘#SOLO’ mostra uma dessas instabilidades”, diz a bailarina, que atuou na companhia comandada por Suely Machado até os 17 anos.

Experiência
Sapateado, jazz e dança clássica cruzaram os caminhos de Luiza, mas foi na dança contemporânea que ela se encontrou. Do Primeiro Ato ela seguiu, aos 18 anos, para a companhia alemã Wuppertal Tanztheater, comandada pela pioneira da dança-teatro Pina Bausch (1940 - 2009). “Tive a grande sorte de trabalhar durante um ano com ela. Foi a maior escola da minha vida, pois você entende a origem das coisas. Trabalhei com bailarinos que ficaram com Pina por 30 anos”, comenta Luiza, que deu vida a cinco peças da coreógrafa alemã e permaneceu por seis anos no grupo.

 Guto Muniz / Divulgação InstHabilidade – Montagem fala da habilidade para lidar com altos e baixos da vida

Atualmente, ela atua na companhia Susanne Linke, também na Alemanha. “Eles conhecem pouco da dança brasileira. Mas o que conhecem é muito bem visto. É lindo ser brasileiro lá fora nesse sentido”, diz.

Sobre se apresentar no “Terça da Dança”, que reestreou em julho, a jovem diz ser uma honra. “A volta do Terça da Dança’ é um movimento de resistência frente à situação que a cultura e a dança atravessam. Abrir essa noite é muito significativo. Fico honrada de fazer parte dessa luta”, garante. “O Primeiro Ato é minha casa e minha família na dança. Acho bacana a Suely convidar pessoas que já foram do grupo. É a história que continua”, finaliza a bailarina.

“Terça da Dança”. Teatro Francisco Nunes (av. Afonso Pena, s/n, Parque Municipal). Hoje, às 20h. R$ 20 e R$ 10 (meia)

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