Mineiro Lício Marcos de Oliveira comemora: A hora da estrela

Paulo Henrique Silva - Hoje em Dia
10/03/2014 às 07:49.
Atualizado em 20/11/2021 às 16:32
 (Lício Marcos/Divulgação)

(Lício Marcos/Divulgação)

“Indicado sempre fui, mas só agora comecei a ganhar prêmios”, comemora Lício Marcos de Oliveira, técnico de som mineiro que acaba de receber o Gaudí, ou Premis Gaudí, uma das mais importantes premiações do cinema espanhol, por seu trabalho na ficção científica “Los Ultimos Dias”, dirigido pela dupla Alex e David Pastor. Concedido pela Academia do Cinema Catalão, a láurea presta homenagem ao arquiteto catalão Antoni Gaudí e, na mais recente edição, sagrou o filme “La Plaga”, de Neus Ballús, com as estatuetas de Melhor Filme, Direção e Montagem, para citar algumas.   Baseado há duas décadas no país europeu, onde participou de dezenas de produções nas funções de técnico, editor e responsável pela mixagem do som, Lício Marcos de Oliveira já tinha levado para casa, tempos atrás, o prestigiado troféu Goya, este considerado o Oscar da cinematografia espanhola, pelo filme de ação “No Habrá Paz para los Malvados” (“Não Haverá Paz Para os Malvados”, em tradução livre), de Enrique Urbizu, no qual um inspetor se vê envolvido em um caso tão instigante quanto intrincado.   “Sempre fiz grandes e pequenos filmes, mas, nos últimos anos, tive oportunidade de trabalhar em filmes com mais opções a prêmios”, explica Lício, em entrevista ao Hoje em Dia, sobre o particular bom momento profissional que vivencia.    “É importante destacar que existem poucos festivais de cinema no mundo com prêmios direcionados ao melhor som direto”, ressalta ele.   O desafio em “Los Ultimos Dias” foi trabalhar com som direto dentro de um gênero que exige muitos efeitos especiais.    “É um filme com muitos planos e tenho que manter uma continuidade sonora em todos eles. Muitos com efeitos especiais de fogo, vento e chuvas artificiais, sons indesejados para a captação do som direto”, observa.    Vertente roteirista no estaleiro   As filmagens de “Los Ultimos Dias” aconteceram em Barcelona, transformada numa cidade apocalíptica após uma misteriosa doença se espalhar pelo planeta. Sem poder sair de casa, para não morrer de forma fulminante, o protagonista Marc (interpertado pelo ator Quim Gutierréz) tenta encontrar sua esposa desaparecida.    Na cerimônia em que subiu ao palco para receber o já citado Gaudí, ao lado de Oriol Taragón (responsável pela edição) e David Carreras (o nome por trás da mixagem), Lício ouviu muitas críticas ao governo e ao escasso apoio à indústria de cinema. “O Gaudí é importante para diferenciar a produção da Catalunha”, ressalta o técnico.   É bom que se diga que a coleção de prêmios amealhada pelo mineiro não se restringe à Espanha. Antes de atravessar o Atlântico, ele levou o Kikito de sua categoria no Festival de Gramado de 1985, por “Patriamada”, de Tizuka Yamazaki. No Brasil, fez parte da equipe de Arnaldo Jabor (“Eu Sei que Vou te Amar”) e Bruno Barreto (“Além da Paixão”).   Nascido em Viçosa, há 56 anos, começou sua carreira em Belo Horizonte, na Coopercine, cooperativa que ajudou a produzir vários curtas. “Sempre penso e agradeço por ter conhecido tanta gente boa que me ajudou na minha formação. Prefiro não citar nomes para não esquecer de ninguém”.   Lício também abriu sua própria produtora, a Pinheira Filmes, responsável por boa parte dos curtas que dirigiu. “Desde que comecei a minha carreira como pai tive que dar um tempo na escritura dos roteiros e na direção. Assim que meus filhos estiverem maiores, vou poder realizar novos projetos”, registra. 

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