(Ricardo Bastos)
O sorriso é fácil e o jeito, de boa gente. Um típico brasileiro na terra do Tio Sam. De malandro, no entanto, nada ele tem. Não por acaso, com apenas 24 anos, o artista plástico belo-horizontino Matheus Goulart, já sagrou o seu nome no mundo das artes visuais. “Em Nova York, só tem ‘leão’ e ‘ninja’, então, tive que batalhar muito, porque, no início, eu era apenas mais um”, afirma.
Gana, sim. Talento, mais ainda. Contudo, a razão do sucesso Matheus credita à sua fé. “Sentia Deus falando comigo: ‘Matheus, vai, porque vai rolar’. E Ele me abençoou”. Assim, com sua crença inabalável, ele resolveu, em 2009, tentar o seu lugar ao sol na maior metrópole do planeta.
Primeiro, ele cursou inglês, na Hunter College, e depois se especializou em Fashion, pela Fashion Institute of Technology.
Neste intervalo, como tantos outros brasileiros, Matheus trabalhou em um restaurante. O que seria apenas um serviço temporário, acabou se transformando na primeira oportunidade como artista. “Estava sempre desenhando alguma coisa. Aí, um dia, o meu patrão, que, inclusive é de BH, me disse para pintar um mural no apartamento dele”.
Desde então, ele não parou mais. “Logo na minha primeira série (‘Caras e Cores’), fui muito feliz. As pessoas que produzem arte lá (em Nova York) gostaram muito. Foi como descer um rio e simplesmente ir”, descreve.
O mineiro diz que o “estouro” das obras foi tão grande que a sua curadora não autorizou a venda delas. “Faço esses desenhos desde criança e eles têm uma pegada de Jesus. E, apesar de serem expressionistas, fico feliz por essa mensagem estar chegando à maioria das pessoas”.
Reconhecido pelo meio e pelo público, o sucesso de Matheus chegou também à New York Magazine, no qual, recentemente, sua pioneira exposição individual foi destaque como “Best Bet”, além de várias outras mídias locais.
Passagem pelo Brasil
Ao todo, o rapaz já fez cerca de dez séries. Somente nesta última passagem por BH, para sua primeira exposição no Brasil (em cartaz até o fim do mês na Flex Form, à avenida do Contorno, 6241), foram produzidas mais de 50 telas.
Na série “Legends of Samba”, ele trouxe o samba, por meio de artistas como Cartola, João Nogueira, e Noel Rosa.
Já na “Brazilian Girls”, foi a beleza das mulheres brasileiras, como as tops Gisele Bündchen, Alessandra Ambrósio e Fernanda Lima, o grande destaque.
Malas prontas
“Se eu conseguir lá (em NY), eu farei em qualquer parte (do mundo)’, já dizia a canção de Frank Sinatra”, diz o rapaz. Pensando desta forma, ele espera atingir, na Europa, o mesmo sucesso que teve nos EUA e no Brasil. “Agora, vou para Londres, Suíça e Barcelona. Voltarei apenas em novembro, quando vou expor na Arte Basel, uma grande galeria de Miami”.
O rapaz idealiza ainda assinar uma linha de móveis. “Meu pai tem uma indústria de interdesign. Comecei a desenhar plantas de móveis antes mesmo de sair de BH”, conta.
Do asfalto para as telas expostas em galerias de arte
Tido como uma criança agitada, Matheus diz que encontrou no grafite uma maneira de extravasar. “Tive muitos problemas na rua, porque uma hora o grafite passa como arte, mas em outras não. De vez em quando, levava um puxão de orelha da polícia e dos moradores”, diz, aos risos.
Há anos, ele largou os muros, mas algumas marcas daquele tempo ficaram. “Ainda coloco um pouco de spray, canetão, estêncil... Eu gosto de me surpreender e não produzo nada que não seja espontâneo. Mas, como a tela é mais delicada, minhas pinturas são mais clássicas hoje e, por isso, uso mais a tintura a óleo”, afirma.