(Rodrigo Brasil/Divulgação)
Conhecido como produtor que lançou várias bandas destacadas do rock nacional, como Raimundos e O Rappa, Carlos Eduardo Miranda conhece inúmeros estúdios Brasil afora. Ao escolher um lugar para registrar em disco o trabalho de sua atual banda, a La Cumbia Negra, ele optou por um estúdio de Belo Horizonte, o da Ultra, localizado no bairro Cruzeiro.
“Teríamos muitas opções de estúdio, mas o que veio primeiro à minha cabeça foi da Ultra por já ter uma parceria longa com a empresa, pelo Barral (Lima, produtor da Ultra) ter visto nosso show em São Paulo, e pela chance de a gente ficar junto uns dias, porque a gente nunca fica junto por um tempo”, conta Miranda, mostrando que em São Paulo seria difícil fazer a mesma imersão. Segundo ele, outro motivador é o show que o grupo fará nesta quinta, no Mercado Distrital do Cruzeiro.
La Cumbia Negra foi criada meio que sem querer por músicos gaúchos. Em Porto Algre, os guitarristas Guri Assis Brasil e Gabriel Guedes descobriram um interesse em comum pela cumbia e começaram a criar sobre o ritmo latino. Em 2013, durante um churrasco, eles mostraram o trabalho para os amigos. “Aí o Miranda disse cumbia sem ritmo não faz sentido e devia ter percussão. Pegou uma garrafa e começou a bater”, conta Guri, lembrando como começou a parceria com o produtor.
A formação conta ainda com Carlos Garcia (percussão), Klaus Sena (baixo), Guilherme Almeida (teclado), Thiago Guerra (bateria) e Igor Caracas (percussão). Mas nos shows que faz pelo país – a banda já se apresentou em Belém, Porto Alegre, São Paulo e interior paulista –, o grupo agrega outros integrantes, já não dá para todos viajarem juntos sempre. “Costumo dizer que é um clube de membros honorários”, brinca Miranda.
O produtor faz questão de deixar claro que a banda não está atrás de um modismo, especialmente aqueles em que inastrumentistas buscam referências em outros continentes. Segundo ele, é natural músicos brasileiros se sentirem à vontade para tocar um ritmo latino-americano.
“A cúmbia é gênero que une a América Latina toda, do Uruguai ao México. No Rio Grande do Sul e no Pará também têm muita cúmbia, por exemplo. E em cada lugar tem um sotaque. Temos essa influência, mas também da música regional brasileira, do blues e do rock”, afirma Miranda. “Fazemos uma coisa que é brasileira, nossa, uma cúmbia que só o La Cumbia Negra toca”.
Dono da Ultra, Barral Lima acabou fazendo parte da banda durante as gravações. Assim que os músicos entraram para o estúdio, Miranda logo o convidou para fazer companhia na percussão, uma área não dominada por Barral. “O Miranda disse 'vem tocar com a gente, no show é você quem vai tocar'. Respondi: 'eu não toco percussão'. E ele me convenceu: 'se você é músico, vai tocar percussão, é só acompanhar”. Detalhe: Barral terá de usar uma máscara de luta livre, assim como Miranda faz nas apresentações.
La Cumbia Negra no Mercado Distrital do Cruzeiro (rua Opala, s/n), quinta (23), às 21h. R$ 15