Miyazaki se despede com ‘Vidas ao Vento’

Paulo Henrique Silva - Hoje em Dia
11/08/2014 às 07:47.
Atualizado em 18/11/2021 às 03:44
 (Califórnia)

(Califórnia)

Os fãs de Hayao Miyazaki (“A Viagem de Chihiro”) ficaram em alerta na última semana, ante a notícia do fechamento do Studio Ghibli, empresa que produziu as animações do cineasta japonês desde “O Castelo no Céu” (1986).   A informação foi desmentida, mas não altera o desejo de Miyazaki, de se aposentar. No que seria então o último filme de sua carreira, “Vidas ao Vento”, lançado agora em DVD, é possível perceber sim, um tom de despedida na maneira como reflete o “ciclo da criatividade”.   Em seus sonhos, um designer de aviões, chamado Jiro Horikoshi, é visitado pelo italiano Gianni Caproni, que desenvolveu aviões bombardeiros. O jovem recebe importantes lições, entre elas a de que os visionários vivem dez anos de intensa criatividade. Ainda que não tenha sido ludibriado pelos seus chefes, o sonho de Jiro em desenvolver a aeronáutica japonesa serve principalmente à indústria da guerra, ajudando a criar os famosos “zeros” que participaram da Segunda Guerra Mundial.   O designer tem uma importante perda na história, que simboliza o fim de sua paixão, num instante em que seu “sonho de Ícaro” é engolido pela máquina beligerante. Algo que não está muito distante do que Miyazaki sofre em seu traço artesanal, vencido pelo digital.   O fato de Jiro ser baseado num personagem real, como se o cineasta realizasse, pela primeira vez em sua carreira, uma cinebiografia em animação, justifica o tom mais sóbrio da narrativa. Não é um filme para crianças, como o penúltimo longa (“Ponyo”, de 2008).   Além das cenas de Jiro fumando, há muitos diálogos (mas nada esclarecedor para quem não conhece História) e a simbologia marcante do diretor, ganhador do Oscar da animação por “A Viagem de Chihiro”, fica em segundo plano, resumida aos devaneios do designer.

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