(Jackeline Nigri / divulgação)
O diretor Adilson Dias transforma em teatro quatro histórias indígenas no monólogo “Arandu – Lendas Amazônicas”, estrelado por Lucia Morais e que estreia hoje no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB-BH). “Comecei a pegar as lendas amazônicas e a reescrever as narrativas em uma releitura poética sem perder o eixo central de cada”, explica o diretor, que aos 38 anos de idade já tem outras cinco peças no currículo. Jackeline Nigri / Divulgação PARCERIA – Capacidade de contar histórias de Lucia Morais encantou o diretor Adilson Dias, traço que ele procura reproduzir no palco de “Arandu – Lendas Amazônicas”
Arandu significa sabedoria em tupi-guarani e simboliza a importância da transmissão oral da cultura, traço característico dos povos indígenas. “Queremos transmitir a reflexão de que as coisas não são imediatas. É preciso cuidar para que sejam duradouras, já que nada é permanente no mundo. ‘Arandu’ é isso, a preservação da memória dos que preservam a floresta”, resume.
A peça se debruça sobre as origens da contação de histórias, justamente o que a atriz Lucia Morais encena no palco ao narrar quatro lendas do povo indígena: uma tribo que agoniza pelos constantes dias e a ausência de noite, a história da guerreira Naiá, o conto de um novo fruto que parece na floresta e um relato sobre a crise de alimentos que assola uma tribo.
“É uma cultura muito plural, diversa, que tem dois troncos linguísticos e mais de 180 dialetos”, enumera Adilson Dias.
O diretor lembra que foi justamente a partir de um encontro com Lucia Morais , em 2017, que ele teve a ideia de reproduzir a arte de contar histórias nos palcos, utilizando o talento de narração da atriz macapense em cena, o que exige versatilidade.
“Ela narra tanto na primeira quanto na segunda pessoa e vive três fases: uma índia jovem, uma adulta e uma anciã, que remetem às fases lunares, o que vemos muito na cultura indígena”, enfatiza.
CULTURA MINEIRA
Pisando pela primeira vez em Minas, Adilson Dias se considera “um mineiro no corpo de um carioca”, pela identificação com a cultura do Estado, e elogia as manifestações culturais – ele é fã de Clube da Esquina, Vander Lee, Carlos Drummond de Andrade, Aleijadinho e companhias artísticas mineiras. “BH é a capital da melodia na arte brasileira. Não digo só melodia musical, mas de harmonia, com sutileza e leveza. ‘Arandu’ tem muito do Galpão e do Corpo”, declara-se o diretor, que demonstra especial apreço pela peça “Partido”, do Galpão.
SERVIÇO
“Arandu – Lendas Amazônicas”
6 a 9 de novembro (15h)
10 e 11 de novembro (18h30)
Entrada gratuita
Teatro 2 do CCBB-BH (Praça da Liberdade, 450 – Funcionários)