DUBLIN - O poeta irlandês Seamus Heaney, que em 1995 recebeu o prêmio Nobel de Literatura, faleceu nesta sexta-feira (30), aos 74 anos, anunciou a família do escritor. "O poeta e prêmio Nobel morreu esta manhã em um hospital de Dublin após uma breve doença. A família solicita privacidade neste momento", afirma o comunicado do anúncio do óbito de Heaney.
"Era uma grande figura internacional, um grande embaixador da literatura, obviamente, mas também da Irlanda", afirmou o ministro irlandês das Artes, Jimmy Deenihan. "Para qualquer lugar que viajo, menciono as palavras poesia e literatura e o nome de Seamus Heaney surge imediatamente", afirmou.
A editora do poeta, Faber, lamentou em um comunicado "a perda de um dos maiores escritores mundiais. Seu impacto na cultura literária é imensurável". "Como sua editora, não podemos estar mais orgulhosos de ter publicado suas obras durante quase 50 anos", completa a nota.
Heaney escreveu, entre outros livros, "District and Circle" e "Station Island". Sua última coletânea de poemas, "Human Chain", foi lançada em 2010.
Ao anunciar o prêmio em 1995, o comitê do Nobel elogiou as "obras de beleza lírica e profunda ética que exaltam os milagres cotidianos e o passado vivo".
Seamus Heaney nasceu em 13 de abril de 1939 em uma família católica de County Derry, na Irlanda do Norte. Seu pai era fazendeiro e sua mãe procedia de uma família de funcionários têxteis.
Mais velho de nove irmãos, Heaney publicou o primeiro livro, "Eleven Poems" (Onze Poemas) em 1965, ano em que casou com Marie Devlin, uma escritora a quem dedicou alguns de seus melhores poemas e com quem teve dois filhos e uma filha.
Heaney, considerado o poeta irlandês mais importante desde William Butler Yeats, foi professor de poesia na prestigiosa universidade britânica de Oxford entre 1989 e 1994.
Estudou Literatura na Universidade Queen's de Belfast, onde foi discípulo do escritor e professor Philip Hobsbaum, que o ajudou a desenvolver a vocação de poeta.
A universidade abriga desde 2003 o Centro Seamus Heaney de Poesia.
Em 1972, no ápice da violência entre católicos, protestantes e o exército britânico, deixou a Irlanda do Norte e se mudou para Dublin, donde passaria o restante da vida.
Após um período consagrado a escrever, Heaney retomou a carreira de professor em 1975 e foi docente convidado em universidades dos Estados Unidos e da Grã-Bretanha.
Em 1995 se tornou o quarto escritor irlandês a receber o Nobel de Literatura, depois de Yeats (1923), George Bernard Shaw (1925) e Samuel Beckett (1969).
Em março de 2009 recebeu o Prêmio David Cohen, além de 50.000 dólares, pelo conjunto de sua obra.