Mostra feminista exibe 70 filmes no Sesc Palladium

Paulo Henrique Silva
phenrique@hojeemdia.com.br
07/03/2018 às 20:23.
Atualizado em 03/11/2021 às 01:45
 (MCF/DIVULGAÇÃO)

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A palavra feminista deixou de se referir apenas a questões diretamente ligadas à mulher para abraçar outras lutas contra a desigualdade, como a imigração, o trabalho infantil, as ocupações e Movimento dos Sem Terra. “São lutas que também afetam a vida da mulher”, observa Daniela Pimentel, integrante do Coletivo Malva e uma das coordenadoras da 4ª Mostra de Cinema Feminista, com início hoje no Sesc Palladium e fica em cartaz até o dia 16, com entrada franca. Os 69 filmes presentes na programação, oriundos de 11 países, estampam essa abrangência. Daniela diz que essa busca por maior representatividade aumentou após pesquisa da Agência Nacional de Cinema (Ancine) constatar a predominância de longas-metragens dirigidos por homens brancos, com 75,4% da produção total lançada em 2016.  Mulheres brancas assinam 19,7% e homens negros, 2,1%. Não houve nenhum longa dirigido por mulheres negras. “É uma questão que nos preocupa, pois existe uma produção de diretoras negras”, ressalta a coordenadora, apontando que 24 filmes da mostra são assinados por mulheres negras. “A realização deste evento tem por objetivo abrir um espaço que, no circuito comercial, não existe. As mulheres não têm a mesma visibilidade dos homens no cinema brasileiro”, lamenta a coordenadora, lembrando que foram inscritas 380 obras, 140 a mais que a edição anterior. TransPela primeira vez, haverá a exibição de produções assinadas por um diretor trans, Calí dos Anjos. “A questão do gênero também é um foco e, apesar de a mostra receber somente filmes dirigidos por mulheres, percebemos que a temática da transexualidade está dentro da nossa visão sobre feminismo”, destaca Daniela. O cineasta concorda, ressaltando que homens trans e pessoas não-binárias designadas mulheres são também protagonistas do feminismo. “Nós sofremos misoginia, assim como mulheres trans, cis e travestis. É uma pena quando o movimento feminista olha apenas para mulheres. Quando tinha apenas seis anos, eu me entendi como feminista. Foi meu modo de conseguir agarrar minha performance de gênero desviante”, registra. Essa discussão foi amplificada na cerimônia do Oscar, no último domingo, que teve a primeira apresentadora transexual na história da premiação, com a presença da atriz chilena Daniela Vega, de “Uma Mulher Fantástica”. Calí dos Anjos espera que esta mudança de paradigma se confirme, com uma abertura maior a realizadores transexuais. “Acho que toda vez que uma pessoa trans entra em algum ambiente representa a abertura de uma porta que estava muito bem trancada”. No Facebook de seu curta-metragem “Tailor”, que será exibido na mostra, o diretor promove um levantamento de profissionais trans na área cinematográfica. “O mapeamento incentiva pessoas a procurarem esses profissionais e também ajuda pessoas que já estejam procurando. Felizmente, esse movimento já vem acontecendo e conseguimos trabalhos para algumas pessoas”, assinala. Serviço: Mostra de Cinema Feminista – De hoje ao dia 16, no Sesc Palladium (Avenida Augusto de Lima, 420, Centro). Entrada </CW>franca. Programação completa emcoletivamalva.com

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