Em show no próximo sábado em BH, multiartista vai reviver 'modo dançarino' em show com músicas autorais e hits da dupla com Sandy
Júnior participou até mesmo da criação da coreografia do show Solo (César Ovalle)
Cantar, dançar e se realizar. Tríade que resume bem o momento atual da carreira do multiartista Júnior, que chega a Belo Horizonte no próximo sábado (14) com o show Solo, no qual apresenta um resumo mais do que especial das experiências 'muito ricas e diferentes' vividas em 35 anos de carreira.
Aos 40 anos, ele se orgulha de ter participado de todas as etapas da criação do espetáculo, da iluminação ao roteiro, da coreografia ao set list -que inclui músicas novas, sucessos dos tempos da dupla com a irmã Sandy e até mesmo homenagem ao pai, o sertanejo Xororó.
O Hoje em Dia conversou com Júnior uma semana antes da apresentação na capital mineira. Um bate-papo descontraído, durante o qual ele falou não apenas sobre o novo show, mas também sobre o carinho que tem por BH e com os fãs mineiros, a nova música brasileira, o retorno de bandas consagradas ao cenário - Guns N' Roses e Titãs, por exemplo - e, claro, sobre a possibilidade de voltar a se apresentar com Sandy.
As informações que já foram divulgadas sobre o lançamento da sua turnê dão conta de que seria a chance dos fãs verem um Júnior mais maduro e renovado. Como que é esse Júnior mais maduro e renovado? Como que esses fãs estão te encontrando no palco?
Difícil poder dizer, assim, né, mas o que eu posso dizer é que eu sinto que toda a minha vivência, né, de fato são 35 anos de carreira e bastante experiência e muitas experiências diferentes, muito ricas assim, né, de vivências e tudo mais. Isso acaba virando uma bagagem que me dá muita segurança, me dá um suporte, assim, pra palco, pra essa situação. Então, eu acho que eu consegui construir junto com a equipe criativa um show onde eu favoreço essa minha versão, assim, essa minha versão mais completa, pode-se dizer assim.
Nos últimos anos, nos últimos projetos que eu fui fazendo, acabava usando mais pequenas partes das minhas capacidades, porque eram coisas mais específicas. Na época de música eletrônica, ficava muito voltado para produção, uma coisa mais de instrumentação, mais voltado pro universo eletrônico. Então, acabava também me limitando um pouco à linguagem do universo, assim. O mundo pop me permite... ousar 100%!
Ousar? Como assim?
Posso passear pelo rock, pelo soul, pela música brasileira, eu posso passear por, assim, por diversos gêneros. Tenho saído pop, eu posso trazer o lado dançarino, que é uma coisa que tinha ficado guardado dentro de mim por muito tempo. E aí vem uma maturidade cênica também, de olhar pra música, pra tudo, que acaba transparecendo no show..
Ou seja, é o SEU show, não é, Júnior? Com o que você quer colocar no palco, o que você quer transmitir.
Isso! E criado pra isso, pra eu me colocar nesse ambiente onde eu posso ser, sabe, assim, onde eu posso exercer o que eu tenho pra entregar ali pra galera. E está tão conectado com a minha verdade, assim, musical e de vida também, através das mensagens, do assunto trazido nas minhas músicas. Eu acho que tudo tá muito coerente uma coisa com a outra e muito coerente com o meu momento também, né? Eu sou um cantor pop de 40 anos, né? Um momento que vem com maturidade, sem dúvida.
Uma coisa que eu li também interessante que você falou, ao respeito do figurino, que seria uma espécie de extensão do universo do show e que cada detalhe foi pensado pra contar uma história. Essas histórias são de toda a sua carreira ou apenas desse momento seu solo?
Desse meu momento solo, eu acho que acaba passeando pela minha carreira porque tem muitas músicas do meu repertório antigo, com a Sany também, as músicas que eram mais... Principalmente na minha voz, eu fazendo a voz principal, a primeira voz, como eu costumo falar. Então, eu revisito momentos importantes da minha carreira com a minha irmã, eu faço uma homenagem ao meu pai também, que foi uma figura extremamente importante nessa minha... Tanto na minha construção do início, como agora também, em me botar pilha pra voltar com os projetos, me provocar da maneira certa, assim, pra que... Me deixar instigado a fazer, sabe? Ele mexeu, assim...cutucou pontos que ele sabia que ia me botar pra frente, assim.
Quer dizer que os fãs podem esperar uma homenagem ao Xororó. Você vai cantar sertanejo no show? Pode falar sem dar spoiler?
É uma surpresa, sim, mas não é um segredo. Os fãs têm compartilhado bastante. Tem um momento que eu faço uma releitura, eu trago pro meu universo musical. E toco Sinônimos ["O amor é feito de paixões e, quando perde a razão, não sabe quem vai machucar..."]. Uma música bem inusitada de trazer pro universo pop, mas eu consegui.
Deve ter sido uma surpresa muito grande para os fãs, especialmente para os de Campinas (SP), onde foi a estreia da turn}e. Como está sendo a receptividade? Você está surpreendendo o público? E teve algo do público que te surpreendeu, Júnior?
Cara...o pior é que sim, porque eu tenho fãs muito carinhosos, muito... São dedicados, sabe? Foram dois shows só, por enquanto. E em cada um, eles prepararam uma surpresa diferente. Um momento especial. No primeiro show teve, no segundo também. Eles distribuíram um monte de balão, a galera encheu um balão na hora e acendeu com a lanterninha do celular, e ficou cheio de balão aceso na plateia. Num outro momento, tem uma música que se chama 'Será Que Vai Ser Sempre Assim?', que fala sobre a minha relação com o meu público. E foi super emocionante, que na hora que eu comecei a cantar essa música, a galera levantou uma plaquinha, todo mundo na frente do palco com uma plaquinha escrito 'sim'. Muito fofo! Eles se organizam pra preparar surpresas. Ou seja, até o público tem uma participação muito especial!
E qual a relação que você tem com os fãs daqui de Belo Horizonte? Espera também uma surpresa? Guarda alguma lembrança especial da cidade?
Eu guardo muitas. Tive muitas vivências em momentos diferentes da minha vida, tanto profissionais quanto pessoais. Tenho uma relação íntima com o BH e com outras regiões de Minas, por passagens que tive. Já vivi muita coisa. Algumas estão super ligadas ao Estado ou a BH mesmo. Tenho bons amigos. E teve período que eu frequentava muito, que eu ia muito pra Belo Horizonte. A passeio mesmo, não só o trabalho.
Para visitar amigos ou alguém em especial?
(Risos) Tem amigo famoso e não famoso. Um bem emblemático é o Rogério Flausino (vocalista do Jota Quest) que é um super amigo meu, super parceiro. Tenho carinho muito grande lá de conhecido. Também fiquei bastante amigo do Samuel Rosa (ex-vocalista do Skank). E já tive relacionamento com uma pessoa que era de Belo Horizonte antes de me casar [Júnior é casado há 10 anos com Mônica Benini, com quem tem dois filhos].
Nesta ida a BH vai dar tempo de visitar algum amigo ou dar uma voltinha pela cidade?
Normalmente quando é pra show, assim, é mais difícil. Quando é profissionalmente, acaba sendo mais focado no show. Vira uma coisa mais 'chega, faz som, faz todo o trabalho e já segue'. Estou numa fase meio correria.
Voltando a falar sobre o show, como que foi você se envolver em cada detalhe da turnê? Já tinha feito algo parecido nos tempos da dupla com a sua irmã?
É uma coisa que nos últimos trabalhos todos eu já fazia. Chega um ponto que você começa a não conseguir não fazer somente de uma forma. É um movimento de você se mostrar como artista, mostrar o seu trabalho. Você começa a entender bastante do assunto. Tanto palpitando e criando em conjunto, quanto sendo o diretor mesmo. Inclusive o show da minha irmã, da carreira solo dela, eu dirigi. E depois o DVD. É uma parte que é meio que um complemento, uma extensão do meu trabalho. E que, a partir de um certo momento, acaba sendo natural você se envolver.
Você que citou a Sandy e me deu 'a deixa' de fazer uma pergunta envolvendo a dupla. Desde o início da carreira solo de vocês, têm de responder toda entrevista sobre o fim de Sandy e Júnior. Nessa turnê você está apresentando músicas autorais e também sucessos que você cantou a vida inteira com a sua irmã. Isso é para agradar aos fãs mais antigos?Quando eu comecei a pensar nesse projeto, num momento em que foi pós turnê com a Sandy, em 2019, nunca pensei na possibilidade de fazer esse show sem ter algumas músicas que eu achasse que tivesse coerência com o universo criado ali. Tenho uma relação muito carinhosa de muito respeito até com a história que a gente construiu junto. Muito carinho por tudo. E agora tem a minha forma de fazer. Pensei em pegar músicas que as pessoas reconhecem mais na minha voz mesmo, que eu protagonizei mais na gravação original, como 'Super-herói', 'Libertar' e 'Enrosca' É colocar como um carinho a mais pros fãs mais antigos, mais raiz - como eles gostam de ser chamados. Enfim, tem super esse olhar de que tudo é uma coisa só: sou o mesmo artista, só vivendo uma outra fase, uma nova versão, uma extensão. Tanto é que as músicas do meu passado não estão blocadas no show. Vão 'acontecendo' ao longo do show, dentro do contexto da narrativa que a gente criou pro espetáculo.
E são sempre as mesmas ou você tá fazendo alguma surpresinha pro público a cada cidade que você já foi e pretende ir, que tá na programação de ir?
O show é super novo, né? Então, acho que cada cidade que eu for, por enquanto, tudo é meio surpresa, porque as pessoas ainda não assistiram. Os que sabem são os que veêm pequenos recortes de internet, mas nada como viver de experiência. Como ainda estou numa fase bem inicial, tudo ainda tá bem fresco, muito novo pra todo mundo, não sinto a necessidade de mudar, porque não são só as músicas tocadas. Tem toda uma história, tudo sincronizado com luz, telão, entrada de balé, troca de figurino...
Não tem como improvisar muito nesse momento...
Não cabe. O público em si traz, pra cada show, uma experiência diferente, porque cada o público determina muito também o clima, a reação da galera. E isso vai fazer com que as coisas tenham uma cara, assim, né, então acho que cada show já vai ser bem único e é tudo bem novo pra galera, tá cheio de surpresa do começo ao fim.
Você tem tido tempo pra compor ou pensando, tá, numa próxima turnê ou você ainda está 100% envolvido em 'Solo'?Neste momento tô 100% envolvido em 'Solo' porque é tudo muito novo, ainda demanda bastante tempo e dedicação. Assim não sobra muito espaço para começar a fazer coisas paralelas. Mas passando esse fim de ano agora, a ideia é voltar também para as produções e, aí, começar a conduzir tudo ao mesmo tempo. Porque uma vez que a coisa está na estrada, a engrenagem está rolando, fica mais fácil de incluir outras coisas na tela, abrir espaço na mente mesmo, na própria cabeça para poder criar e tal.
Recentemente algumas bandas que chegaram a retomar a fundação, a formação original como o Guns N' Roses e os Titãs? E, claro, teve você e Sandy, que fizeram em 2019 a turnê 'Nossa História'. O público pode esperar um novo reencontro de vocês nos próximos anos?
Olha, não posso me comprometer a isso. Não tenho nenhuma conversa. Foi um momento muito especial e eu acho que foi uma das razões de ser tão especial é porque também era um momento único. A gente tem projetos muito importantes da própria carreira. E toda vez que a gente mexe em Sandy Júnior é uma parada que foge do nosso controle. Virou uma loucura. Então, não é uma parada que dá pra ficar mexendo dessa forma. Teve um recorte e, agora, estamos focados em cada um desenvolver o próprio trabalho, que foi o motivo pelo qual a gente encerrou a dupla, né? Pra poder realmente alimentar esse lado.
Na última semana rolou o Prêmio Multishow, que destaca os melhores e as novidades da música brasileira. Como que você tá avaliando a arte, a música, principalmente a música brasileira atualmente? Os nomes novos que estão aparecendo, o reconhecimento de quem já tá no mercado...
A música está num momento muito interessante em que as pessoas têm se profissionalizado muito. Acho bonito de ver a entrega e a maneira como os artistas têm pensado 360º (graus) e têm conduzido as próprias apresentações. Está num momento muito legal. Fico contente de ver a galera se puxando, assim. Ao mesmo tempo, acho que tem de tudo. É um mercado que tá cada vez maior. Muito amplo e muito democrático também. É tudo muito diferente da época em que eu comecei, da época quando eu aprendi todo o rolê. Hoje em dia o mundo tá completamente diferente, a digitalização, essa coisa de redes sociais e as próprias redes de streammig... tudo isso faz com que a música siga uma outra demanda, assim. Existe de tudo: tem gente fazendo coisas mais descartáveis...É tudo muito pulverizado, muito diluído. As pessoas conhecem uma música de alguém, mas muitas vezes não sabem nem quem é! É um volume muito grande. Eu tento acompanhar conforme eu consigo, mas se eu disser que conheço o cenário inteiro brasileiro... acho que ninguém conhece. É muito amplo.
Mas e do que você conhece, entre as novidades?
O que vejo, o que tá na minha bolha de visão, dentro do meu campo de visão, acho que tem bastante coisa interessante. E eu gosto de olhar pra isso, pro quanto a galera tem buscado trazer qualidade, trazer performance, trazer uma entrega ampla, desde a preocupação estética...tudo. Acho muito interessante. Temos nomes incríveis, pessoas que dão orgulho de ver, crescendo. A música está um momento muito interessante. Estou curioso pra ver como isso vai se desdobrar com o tempo.
Para finalizar, gostaria que você deixasse um recado para os seus fãs de Belo Horizonte, de Minas.
Primeiro, agradecer todo mundo pelo carinho de sempre, mandar um beijo, fazer esse convite pra que a galera vá no show, porque realmente é um show muito especial, feito com muito amor, assim, uma entrega artística. É isso, tem muitos anos de vivência embalados ali nesse show, com muito carinho pra galera. E convidar todo mundo pra poder viver isso junto ali, não sei quanto tempo eu vou levar pra poder voltar pra BH. Vai ser especial.