A vida e sua finitude, paixões, o tempo e a existência de Deus são temas que dão corpo ao oitavo álbum de estúdio da carreira solo do músico Nando Reis, intitulado “Jardim Pomar”. Lançado recentemente, o trabalho quebra um jejum de quatro anos do artista sem apresentar um disco de inéditas no mercado.
O novo trabalho mostra um compositor com letras mais consistentes e livre das armadilhas da repetição. Nando trata com leveza de temas complexos. “A música é uma forma de organizar o pensamento. Escrevo muito sobre coisas que aconteceram comigo. A questão do tempo e a finitude da vida hoje me tocam de uma forma diferente de quando tinha 20 anos”, justifica o músico.
Ao todo são 12 faixas em “Jardim Pomar”, sendo 11 inéditas. A exceção fica por conta de “Concórdia”, composta por Nando e lançada por Elza Soares no álbum Vivo feliz (2003).
Faixas como “Infinito Oito”, que abre o disco e vem repleta de metais e um sexteto de backing vocals, dividem espaço com canções como “Só Posso Dizer”, que possui a pegada pop das músicas que tocam exaustivamente nas rádios.
A mistura de estilos marca o álbum e traz um Nando Reis com vontade de expandir a produção. “Tenho consciência que a minha produção privilegiou uma área. Nesse álbum tive um olhar diferente que fez aparecer outras sonoridades com muitos elementos da minha formação e predileção musical”, assegura.
Participações
“Olhar para dentro é um movimento para se colocar diante do que está fora”, filosofa o músico. Enquanto as letras mostram esse mergulho em si, na hora de produzir foi diferente. Nando Reis se cercou de muita gente, como na faixa “Azul de Presunto” que tem 10 convidados, entre eles as cantoras Pitty, Luiza Possi e Tulipa Ruiz, além de seus ex-companheiros do Titãs. “A música fala sobre multiplicidade de so-breposições. Nada melhor que chamar muitas vozes para afirmar o que a letra sugere. São pessoas presentes na minha vida e carreira”, comenta.
Outra parceria longeva que retorna neste trabalho é com o mineiro Samuel Rosa, do Skank, na alegórica “Como Somos”. Nossa parceria é antiga, mas é a primeira vez que dividimos uma faixa. Algo raro de acontecer em meus trabalhos solos porque produzo muito”, pontua.
E não para por aí. Nas guitarras, o trabalho conta com as participações de Mike McCreedy, do Pearl Jam, e Peter Buck, do REM.