Nordeste brasileiro e Islândia se encontram no CD de Jam da Silva

Cinthya Oliveira
12/01/2015 às 07:40.
Atualizado em 18/11/2021 às 05:38
 (Tati Azevedo/Divulgação)

(Tati Azevedo/Divulgação)

Um disco que não teve a repercussão devida no final de 2014 foi “Nord”, segundo trabalho do percussionista pernambucano (mas radicado no Rio de Janeiro) Jam da Silva. Um álbum que possui a inusitada intenção de unir os universos do Nordeste brasileiro com o de um país nórdico.

“Nord é um lugar imaginário. Uma ponte entre esses dois sertões, lugares com uma outra relação com o tempo e a vida, um lugar que pode ser seco, como também gelado, sombrio, ou ainda ensolarado, agreste, ácido, caudaloso. Duas imagens. Com uma delas eu tive mais contato, que é o nosso sertão nordestino. A outra mexia muito com o meu imaginário, que é esse país rico em natureza chamado Islândia”, explica Jam.

Para que a combinação acontecesse, o artista viajou para vários lugares – Islândia, França, Recife, Los Angeles... – em busca dos sons e das pessoas com quem desejava dialogar. “O tempo dos encontros naturais, com músicos de universos bem diferentes, possibilitou encontrar neles reflexos de minha própria identidade. Esse movimento de aproximação e distanciamento dá o tom do álbum”, diz Jam, que conta aqui com participações de Luisa Maita, Lisa Papineau e Lucas Santtana.

Todo o processo de criação visou trabalhar polaridades. “Pensava num álbum que tivesse bases fortes contrastando com vocais sutis, sendo assim agridoce, que tivesse ginga”, afirma o artista, que mesmo buscando um som mais cru, se valeu de uma ótima riqueza de instrumentos.

"Gosto de introduções ou finais longos, algo que fuja do padrão métrico, de estrofe mais estrofe mais refrão. Pensei num conceito de pós canção, mas sobretudo um conceito das duas imagens mesmo, dessa aproximação geográfica, era isso que pensava, em unir o quente com o frio”.

Esse contraste entre calor e frio também está sendo trabalhado por meio de imagens. O primeiro videoclipe de “Nord”, “Gaiola da Saudade”, é ambientado na Islândia, enquanto o segundo trabalho, ainda em processo de edição, foi gravado no sertão pernambucano.


Aurora Boreal

A Islândia é um país pouco populoso, de apenas 300 mil habitantes, onde faz frio o ano todo. Mas Jam soube usufruir muito bem da beleza única da ilha europeia.

“Lá pude experimentar um silêncio acústico que me encantou, um discreto mistério e pude gravar micros sons da natureza, como os gêiseres que brotam da terra. As paisagens mudam a todo momento, as luzes dançam no céu esverdeadas e o disco é o reflexo do que vivenciei. Como a aurora boreal que vai se transformando, é um disco que começa no ar e termina em suspensão, pra encontrar e sugerir o silencio”.

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