(PARIS FILMES/DIVULGAÇÃO)
Mais do que um reboot de um filme pretensamente amador lançado com sucesso em 1999, “A Bruxa de Blair” nos faz pensar quem são esses jovens protagonistas da nova versão e quais são os seus objetivos, entre imagens escuras, interrompidas e de feição “caseira”.
Há o casal negro, o casal branco e um terceiro casal, residente numa cidadezinha onde a irmã de James teria desaparecido, provavelmente por obra da tal bruxa. O que os levam a organizar uma expedição em que a única preocupação é o registro fílmico da experiência?
Não seriam eles os adolescentes com hormônios em ebulição de “Sexta-Feira 13”, porque o sexo é ausente – a única alusão é prontamente rechaçada por James quando sua amiga Liza amanhece em sua barraca. O fetiche é outro, pela imagem dos próprios, em sofisticadas câmeras.
SEM BRILHO
A única diferença desse “A Bruxa de Blair” para o original está aí, na tecnologia, representada por drones e câmeras auriculares. Não deixa de ser curioso que esse enaltecimento de si seja acompanhado da negação da personalidade: eles são borrões, pálidas lembranças de pessoas.
Talvez essa tenha sido a intenção dos realizadores, para reforçar a ideia de pessoas normais, mas é muito sintomático que o filme só retire deles essa ligação com a imagem, com tudo mais ao redor perdendo o brilho (a luz do sol) e cor, com todos mergulhando numa grande escuridão.
Está longe de ser um suspense psicológico. Não é o instrumento, mas o objeto desse estado de coisas, já que não anseia mais do que sustos gerados pelo o que não conseguimos distinguir – do hiperrealismo do 3D ao found footage, somos levados a esse mesmo universo das relações rasas.