Novo olhar sobre a visibilidade LGBTQIA+ em exposição de Rodrigo Mogiz

Paulo Henrique Silva
phenrique@hojeemdia.com.br
23/05/2021 às 12:20.
Atualizado em 05/12/2021 às 05:00
 (LEO LARA/DIVULGAÇÃO)

(LEO LARA/DIVULGAÇÃO)

Às fotos antigas de casais LGBTQIA+, muitas delas tiradas há mais de 100 anos, o artista plástico mineiro Rodrigo Mogiz injeta um novo colorido, mais apropriado à luta pela diversidade de gênero e raça do século 21. “Fiz uma espécie de releitura, trazendo a linguagem da fotografia para o bordado, material que acompanha boa parte da minha trajetória, buscando acrescentar elementos que não existiam antes”, observa.

O resultado desta junção pode ser visto na exposição virtual “Aqueles (In)visíveis”, que ficará em cartaz nas plataformas digitais da Casa Fiat de Cultura até 4 de julho, integrando a programação da 19ª Semana Nacional dos Museus. O trabalho foi selecionado dentro do 4º Programa de Seleção da Piccola Galleria, que também recebe a versão física da mostra.

Apesar de ficar inacessível ao público, a exposição física criou no artista o sentimento de que “realmente está acontecendo”, como ele mesmo afirma. “Interessante como a Casa Fiat conseguiu pensar esta alternativa neste momento de pandemia. A sensação é de que a exposição está montada”.

Mogiz é um dos responsáveis em Minas Gerais por dar uma nova dimensão ao bordado, aproximando-o da arte contemporânea a partir do desenho e da pintura, técnicas que fazem parte da formação acadêmica do artista. O interesse pelo bordado se mescla à questão das diversidades afetivas e identidades sexuais, que também sempre permearam a trajetória do belo-horizontino.

“Talvez (esta questão) esteja um pouco mais direta, explícita, por me apropriar de imagens antigas, que eu achei na internet”, registra. 

Ele vê nas fotos antigas um raro instante em que aqueles casais podiam tornar visível o afeto que nutriam. Com as intervenções, Mogiz cria uma outra narrativa para aquelas histórias, evidenciando um tom mais politizado e, ao mesmo tempo, poético e sensorial.

Tudo começou com um tecido antigo, destes de forros de mesa usados em casa, que comprei numa feira de antiguidades. Aí comecei a fazer algumas intervenções nele e, junto às fotos, pensei em transpor essas imagens para o bordado, usando principalmente tecidos mais ornamentais, mais rebuscados”, destaca Mogiz, que não só trabalhou sobre as fotos como também criou bordados e camisas com aspectos vintage.

Para ele, o bordado sempre estará ligado “a um trabalho mais artesanal, para prendas domésticas”, uma coisa mais utilitária. “A minha proposta é outra, ao fazer uma reflexão do bordado como uma abordagem artística expressiva, de denúncia, de manifestação, além da beleza e do afeto que as pessoas têm por ele, relacionando-a à memória afetiva da relação com a família”, pondera o artista.

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