O bruxo André Abujamra e o seu caldeirão de sons

Cinthya Oliveira - Hoje em Dia
13/07/2015 às 06:36.
Atualizado em 17/11/2021 às 00:53
 (Edu Barcellos/Divulgação)

(Edu Barcellos/Divulgação)

O título “O Homem Bruxa” já diz muito sobre a intenção de André Abujamra sobre seu terceiro álbum de carreira solo. “Esse disco ficou meio diferente. Tem de tudo. A experiência foi colocar tudo dentro de um caldeirão”, diz o artista, que fez um álbum que dialoga com todos seus trabalhos anteriores – como trilha para cinema, música infantil e coletividade (vivenciada no Karnak).

Mas o caldeirão não se refere apenas à variedade de linguagens do trabalho. O lado “bruxa”, a alquimia da criação musical, também se deve ao fato de André assumir vários instrumentos na produção. Aqui ele toca piano, baixo, saxofone, trompete, flauta, bateria e, até, violino e violoncelo. “Quis tocar tudo, até mesmo o que não soubesse tocar. Foi um exercício diferente, feito egocentricamente. Quero abraçar todos instrumentos do planeta”, conta o artista, reconhecendo que trompete é o mais difícil de todos que tocou.

O artista ainda fez questão de deixar transparecer a imperfeição de seu método não usual. Preferiu não consertar no computador as gravações, para quem o som ficasse propositalmente um pouco desajustado.

LEVITAÇÃO

No show referente a “Homem Bruxa”, o público não vai encontrar nada dos trabalhos antigos. O foco é totalmente para o novo trabalho, com um trato performático específico para ele – com direito até a levitação em pleno palco.

“Eu gosto mais quando o público assiste a um show sem conhecer as músicas. Gosto do show como um espetáculo que não tem apenas música, mas também dança, teatro, mágica, palhaçada”, diz o artista, que também é ator, comanda o programa “Abusando”, no Canal Brasil, e atua como autor de trilhas para filmes e programas de televisão.

Ele também dá continuidade aos projetos paralelos. O Karnak está preparando disco comemorativo dos 25 anos, enquanto Os Mulheres Negras continuam fazendo shows, em plena atividade.

Por falar no projeto com Mauricio Pereira, houve um fuzuê recentemente, porque uma jovem ativista teria dito na internet que o nome Os Mulheres Negras era racista. André ficou chateado com a situação. “Eu sou do candomblé, cantava ‘alma não tem cor’. A gente não é nada racista. Existe uma liberdade poética e uma coisa linda no nome. O mundo está muito chato e equivocado”, desabafa.
 

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