(Paris Filmes/divulgação)
Você pode enxergar em “O Doador de Memórias”, outra estreia nesta quinta-feira nos cinemas, apenas mais uma aventura como “Jogos Vorazes”, que também foi adaptado de um livro infantojujuvenil protagonizado por adolescentes que contestam o mundo de aparências gerido pelos adultos.
Ou então, na esteira de “1984”, uma obra que condena a utopia comunista de um mundo igualitário, sem diferenças de classes, enxergando um desejo de controle sobre a população e o medo de experimentar a liberdade de fazer suas próprias escolhas, independentemente se alguém sairá perdendo.
Asissta ao trailer:
Nessa mescla que resulta num filme de entretenimento com temas sérios para consumo rápido, não seria exagero afirmar, então, que o olhar de Jonas (Brendan Twaites) é tão errado quanto aquilo que busca combater, porque aposta em suposições e teses muito vagas.
Sem poder sustentar a narrativa no campo das ideias, resta ao filme de Phillip Noyce aumentar as proporções entre “proibir” e “ser livre”, como se almejasse o mesmo embate de “Fahrenheit 451” ou “THX 1138” do novo século. Só que os tempos são outros e os governos empacotam democracia da forma mais totalitária.
Perde-se o contato com o presente para trazer à tona um discurso antiquado apoiado em clichês. Um deles é a obrigação dos jovens seguirem a profissão determinada pelas autoridades, numa crítica direta à Cuba. Não permitir sair da fronteira remete ao medo dos socialistas em deixar que conheçam os prazeres do Ocidente.
Por outro lado, Jonas defende que devemos ter a chance de experimentar o livre arbítrio, já que os temores das guerras podem acontecer como também não. Um musical como “Horizonte Perdido” soube melhor trabalhar esses dilemas com menos preguiça intelectual.