(Leo Aversa)
Nasceu no picadeiro, chegou à poesia, transitou para o balé. E agora chega aos palcos, como musical. Esta é a odisseia de “O Grande Circo Místico”, que tem, em Belo Horizonte, a sua próxima parada. Com texto de Newton Moreno e Alessandro Toller, inspirado nas canções de Chico Buarque e Edu Lobo, sob direção de João Fonseca, a peça – com direção musical do maestro mineiro Ernani Maletta – estreia nesta sexta-feira (17) às 21h, no Cine Theatro Brasil Vallourec (Praça 7, s/nº, Centro) – e permanece em cartaz até domingo.
E é o próprio ator Fernando Eiras, que interpreta o administrador do circo, que abre o espetáculo que trata dessa transição artística rica. “Nasceu com o Jorge de Lima que era o epicentro. Depois o pessoal do Guaíra pesquisou essa história, desse circo que existiu e o Chico e o Edu musicaram. E agora esse desmembramento dramatúrgico feito por Newton Moreno e Alessandro Toller, com essa característica dramatúrgica. Agora é teatro; já foi balé. E é um musical porque lá estão as canções de Chico e Edu”, ressalta o ator, que destaca que, em breve, “O Grande Circo Místico” vai virar filme pelas lentes de Cacá Diegues.
De um fato na Áustria no século 19 surgiu o poema “O Grande Circo Místico”, do poeta parnasiano e modernista Jorge de Lima, escrito em 1938, e publicado no livro “A Túnica Inconsútil”. Nos anos 1980, o Ballet Guaíra (PR) faz a encomenda para Chico Buarque e Edu Lobo, que se unem para criar uma trilha sonora sofisticada e belíssima.
Com larga experiência na profissão, Fernando Eiras ressalta que a convivência com a trupe teatral (15 artistas, ao todo) é rica e saudável. “Estamos envoltos numa atmosfera lúdica e onírica. Falamos da arte e da vida. A arte é amiga da vida, andam de mãos dadas. Para falar sobre isso, o autor resolveu inventar uma guerra e a vida é uma guerra segundo Nietzsche (Friedrich Nietzche (1844-1900). E resolve contar a vida humana, passando por um caminho humano usando o circo”, diz.
Aula circense para não decepcionar a plateia
Fernando Eiras conta que, como seus pares, teve que desenvolver habilidades circenses. “Fizemos tudo juntos, começávamos às 11 da manhã e íamos até às 11 da noite de segunda a sábado com coreógrafos, cenógrafos, mágicos, músicos; trabalhamos bastante”.
Eiras não hesita quando indagado sobre qual canção de Chico Buarque, no espetáculo, mais o sensibiliza: “Beatriz”. “Porque é uma música que fala do ator, feita para uma atriz. É o fã tentando apaixonadamente entrar na vida do ator”, frisa.
Ele também rasga elogios ao trabalho do maestro Maletta. “Além de trabalhar a orquestra, compôs as vozes no trabalho para que todos os atores cantassem”, ressalta.
A odisseia do Circo no palco de BH
“O Grande Circo Místico” – Nesta sexta, às 21h, neste sábado (18), às 20h, e domingo, às 19h, no Cine Theatro Brasil Vallourec (Praça 7, Centro).
Ingressos: Plateia I A: R$ 150; Plateia I B: R$ 120; Plateia II A: R$ 100; Plateia II B: R$ 50. Valor promocional limitado a 20% da capacidade da casa. Meia entrada válida para maiores de 60 anos e para estudantes.