“Operações Especiais” exibe conflitos e questiona a honestidade do brasileiro

Paulo Henrique Silva - Hoje em Dia
16/10/2015 às 08:30.
Atualizado em 17/11/2021 às 02:05
 (PARIS/DIVULGAÇÃO)

(PARIS/DIVULGAÇÃO)

Não é uma força de expressão dizer que o longa-metragem “Operações Especiais”, uma das estreias da semana nas telas de cinema da cidade (confira horários e salas de exibição no roteiro) é uma versão de saias de “Tropa de Elite”, de José Padilha, um dos grandes sucessos do cinema brasileiro. A aproximação não se dá apenas por ter a atriz Cleo Pires como parte de uma equipe policial de elite, assim como o Capitão Nascimento de Wagner Moura.

O formato narrativo e a conclusão são muitos semelhantes. No início, tanto o capitão como a investigadora Francis estão no meio de uma ação numa comunidade carioca quando a história recua no tempo, mostrando que a grande batalha é contra a corrupção endêmica, estimulada pelos políticos.

“É impossível fazer um policial sem ter ‘Tropa’ como referência. É um modelo que deu certo”, concorda o diretor Tomás Portella. Os dois filmes, por sinal, tiveram a mesma inspiração: o documentário “Notícias de uma Guerra Particular” (1999), da dupla João Moreira Salles e Kátia Lund.

Enquanto “Tropa de Elite” aproveita o depoimento de um militar do Bope (Rodrigo Pimentel), “Operações Especiais” segue de perto o quadro desenhado por Hélio Luz, ex-chefe da Polícia Civil do Rio de Janeiro. Apesar de tantos pontos em comum, Portella enxerga uma identidade própria em seu filme.

“Exibimos outros conflitos, questionando mais a honestidade da população do que a dos governantes”, destaca o diretor, que acha estranho, em “Tropa de Elite”, que um grupo de policiais honestos torture e mate pessoas. Em sua história, a polícia “é realmente honesta, sem participar de nenhum tipo de jogo”.

“Gatas”

Portella quer, na verdade, deixar uma pergunta: “A sociedade está pronta para ter uma polícia honesta? Temos que lutar contra a corrupção, mas ela começa em casa. Um exemplo é a carteirinha de estudante falsa, que é um crime de falsidade ideológica, passível de cadeia, mas que não veem com gravidade”, critica.

Cleo Pires protagoniza essa mensagem social em forma de ação. O realizador conta que, no início da escrita do roteiro, a personagem sequer existia. “Quando falei um pouquinho da história, ela pediu uma pontinha, pois queria dar uns tiros”, registra Portella, que a dirigiu em “Qualquer Gato Vira-Lata”.

Durante o desenvolvimento do roteiro, perceberam que os conflitos da mulher seriam mais interessantes, e o filme foi centralizado em Francis. “Não nos baseamos em nenhum caso específico, mas sabemos que o número de mulheres que entram para a polícia é grande. Elas buscam estabilidade”.

Confira o trailer com a musa Cléo Pires em ação:

 

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