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Giovanna, 11 anos, e Ricardo, 13, têm histórias parecidas. O amor pela música – ela toca violino e ele, violoncelo. Têm pais trabalhadores, de baixa renda, e moram em regiões populares na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Além disso, estudam pela manhã no fundamental e, à tarde, tocam na Orquestra Jovem das Gerais de Contagem (Núcleo Infantojuvenil dr. Milton Dias). O esforço deles – e de outras 31 crianças e adolescentes – foi recompensado. Embarcam amanhã para apresentações no Festival Orquestras Juvenis na Itália e no Festival Provençal de Orquestras Jovens, na França, sob a regência da maestrina Rosiane de Souza Reis, com um repertório internacional e brasileiro diversificado, desde “Garota de Ipanema” (Tom Jobim/Vinícius de Moraes) até “Xote da Alegria”, do grupo Falamansa.
Giovanna Lucillia Braga de Paula deixa a casa da avó, Inês, após estudar na Escola Santa Maria (ela é bolsista), e segue com o tio Ronaldo, de carro ou a pé, para ter aulas de violino, instrumento que toca na Orquestra há três anos.
“É a primeira vez que vou viajar para outro país. Estou muito feliz e sei que foi a música que possibilitou isso. Eu quero fazer Psicologia, mas vou continuar na música”, diz a menina, que começou a frequentar a Orquestra por curiosidade da mãe Alessandra, que trabalha como secretária.
“Ela estava passando perto, viu que a escola dava aulas para crianças e comecei a estudar em 2011”, explica a garota, que recebeu também o incentivo do pai Paulo César, que trabalha como porteiro.
Ricardo Filho Sena de Souza, por sua vez, mora em Durval de Barros e também toca na Orquestra há três anos. Para isso, vale qualquer sacrifício. O garoto, cujos pais são um cozinheiro e uma monitora de ônibus escolar, vai a pé de sua casa até o local dos ensaios, que fica na divisa com a cidade de Contagem. “Se não tivesse a Orquestra ficaria em casa. Com ela tenho a chance de ver um mundo diferente”, diz o garoto, que foi levado à Orquestra por um professor de sua antiga escola de ensino regular, a Municipal Coronel Durval.
Dever cumprido
Um dos criadores da Orquestra, ao lado de Rosiane, o também regente Renato Almeida está empolgado com a turnê. Para ele, a sensação é de dever cumprido. “A missão da ONG é, através da música, incluir, de forma cidadã; e que eles possam ter a oportunidade de crescer na vida e entender que há um mundo diferente. Imagine uma criança de um aglomerado em Florença, Roma, Paris... Vai perceber que o caminho da violência e da droga é muito curto: ou vão presos ou morrem. É uma oportunidade de uma outra percepção de vida”, avalia o regente, acrescentando que a Orquestra já esteve em turnê pela Europa em anos anteriores.