(Hoje em Dia)
Estreia nesta quinta-feira (28), em mais de mil salas de cinema em todo o país, com a pré-venda de 3 milhões de ingressos, a versão da novela "Os Dez Mandamentos", da Record, em formato de longa-metragem. Por trás de todo esse sucesso, há o histórico de um folhetim que roubou audiência da Globo na faixa nobre e agora promete cenas inéditas no filme. Mas há também uma grande campanha
orquestrada junto aos fiéis da Igreja Universal durante os cultos.
"Qual é o problema?", questiona Sérgio Marone, o Ramsés, antagonista do enredo de Vivian de Oliveira baseado na Bíblia. "A Globo também faz propaganda dos produtos dela em outras plataformas do grupo", completa. Um diretor do alto escalão da Record, que pediu anonimato ao conversar sobre o assunto, lamenta o preconceito embutido na acusação de que o filme só é um fenômeno em função dos fiéis da Universal. Reconhece, no entanto, o alto potencial do produto para atrair uma plateia de evangélicos de todas as vertentes e arrastar para os cinemas um público novo.
A pergunta é: o filme é bom?
Para o que ele se propõe - aguçar a fé e endossar o clamor a um deus único, sob ameaça de castigos, sim! Não por acaso, é um script que comunga perfeitamente com as pregações do chefe maior do grupo, Edir Macedo, em sua igreja, o que faz de Os Dez Mandamentos um culto em forma de entretenimento.
No quesito didatismo, não se pode tratar como pecado o uso de uma linguagem direta, sem brechas para reflexões subliminares, visto que o mesmo mal acomete a maioria das comédias românticas da Globo Filmes. A edição se esmera no objetivo de se fazer entender de imediato, sem que o espectador se dê ao trabalho de refletir. Está tudo ali, mastigado, pronto para o consumo e embalado em belíssimas imagens. Os efeitos especiais não fazem feio na tela grande - ao contrário.
Das pragas rogadas por Deus por meio de Moisés (Guilherme Winter), vale destacar os traços iluminados, dignos de Lord Voldemort, que percorrem as residências dos descrentes em busca dos primogênitos. A abertura do Mar Vermelho, que rendeu à Record audiência histórica, ganhou acabamento ainda mais primoroso na telona. As imagens foram submetidas a um processo de remasterização. A edição conta com uma narração, inédita, de Sidney Sampaio, o Josué, protagonista da próxima produção da Record, a fim de explicar o que foi suprimido por tantos cortes.
A despeito de as tais cenas inéditas se resumirem a um sermão de Moisés, quando quebra o bezerro de ouro adorado pelos hebreus, o filme faz jus à grandiosidade do personagem e vale a sessão - nem que seja para fazer o espectador duvidar de tudo aquilo.
Pré-estreia reúne elenco da Record em SP
A Record reuniu mais de 700 convidados nesta terça-feira (26), na pré-estreia de um dos mais aguardados lançamentos do cinema nacional deste ano. No evento, apresentadores, atores e diretores da emissora, além de convidados puderam assistir à primeira exibição pública do filme nas salas da rede Cinépolis, no shopping JK Iguatemi.
O público pode conferir com exclusividade o resultado da adaptação da trama para o cinema. “É a primeira novela da história brasileira que vira um filme. Isso nunca aconteceu antes, uma produção de mais de 170 capítulos ser transportada para a telona é um fato inédito”, disse o diretor do filme, Alexandre Avancini. “Foi emocionante rever esse trabalho grandioso da novela transposto para a telona”, afirmou.
Para Guilherme Winter, que interpreta Moisés, a dimensão que as cenas ganham nas telas cinema chamou a atenção. "A edição ficou muito legal, e é diferente ouvir o áudio, a pureza digital do áudio. Fiquei emocionado em alguns momentos”. Para o ator Sergio Marone, a quem coube o papel do antagonista Ramsés, “a novela já era cinematográfica”.
A autora Vivian Oliveira lembrou o esforço de toda a equipe para que a produção fosse levada aos cinemas. “Foi um mutirão para dar certo, para condensar oito meses de novela em duas horas de filme”.
Graças à volumosa pré-venda de ingressos, a produção, antes mesmo de chegar ao circuito comercial, já integra o ranking dos 20 filmes de maior bilheteria no Brasil produzidos nos últimos dez anos.
* Com Agência Estado