Palma de Ouro de Cannes coroa drama existencial turco

AFP
24/05/2014 às 17:37.
Atualizado em 18/11/2021 às 02:43
 (Loic Venance/AFP)

(Loic Venance/AFP)

A Palma de Ouro do Festival de Cannes foi atribuída neste sábado (24) ao drama existencial e clássico "Winter Sleep", do turco Nuri Bilge Ceylan, 55. Rodado em um povoado da Capadócia coberto de neve, no centro da Anatólia, "Winter Sleep", inspirado em três breves relatos do russo Anton Chejov, é protagonizado por três personagens que debatem longamente sobre a moral e a vida   "Meu filme trata da obstinação dos homens em continuar se esforçando sem baixar a guarda, apesar da solidão, tristeza, e dos acontecimentos tragicômicos que os levam a seu destino", comentou em Cannes o diretor, que participou cinco vezes do festival sem levar a Palma de Ouro, até o dia de hoje.   A ação no filme é mínima: um menino atira uma pedra contra um carro e quebra a sua janela; dois turistas japoneses chegam ao pequeno hotel Othelo, propriedade de Aydin, ex-ator de teatro que vive ali com Nihal, sua jovem mulher, e Necia, sua irmã, e que escreve editoriais para um pequeno jornal da região e prepara um livro sobre teatro.   Embora pareça que nada acontece durante o filme, de mais de três horas, os diálogos, sempre intensos e, por vezes, longos, envolvem a plateia graças ao desempenho dos atores, cuja mínima expressão é captada pela fotografia de Gokhan Tirayak.   A cineasta neozelandesa Jane Campion, presidente do júri, classificou o filme de "um verdadeiro poema" na entrevista coletiva após à premiação. Embora nunca tivesse sido coroado com a Palma de Ouro, Cannes aplaudiu Ceylan desde o seu começo, atribuindo em 2003 ao filme "Longínquo" o Grand Prix, prêmio mais cobiçado depois da Palma de Ouro. Em 2008, o cineasta recebeu o prêmio de melhor diretor por "Três Macacos", e "Era Uma Vez na Anatólia" lhe valeu em 2011 outro Grand Prix. Em 2012, ele foi premiado pela Sociedade de Realizadores Franceses em Cannes.   Em "Winter Sleep", Ceylan revela lentamente, e com uma lucidez não isenta de humor negro e crueldade, o que existe por trás das aparências, mostrando as contradições entre os três personagens.   Ceylan afirmou em Cannes que o que lhe interessa são os dilemas morais e a desilusão do homem moderno. Ele é considerado um cineasta clásico, herdeiro do renomado diretor sueco Ingmar Bergman, autor de "Cenas de um Casamento" e "Gritos e Sussurros".   Os vencedores    Palma de Ouro "Winter Sleep", de Nuri Bilge Ceylan (Turquia)    Grand Prix "Le Meraviglie", de Alice Rohrwacher (Itália)    Diretor Bennett Miller, por "Foxcatcher" (Estados Unidos)    Prêmio do Júri (empatados) "Mommy", de Xavier Dolan "Adieu au Language", de JeanLuc Godard    Roteiro Andrey Zvyagintsev, por "Leviathan" (Rússia)    Ator Timothy Spall, por "Mr. Turner"    Atriz Julianne Moore, por "Maps to the Stars"    Caméra D'Or "Party Girl", de Marie Amachoukeli, Claire Burger, Samuel Theis (França)    Palma de Ouro de Curta-metragem "Leidi", de Simón Mesa Soto (Colômbia/Inglaterra)

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