(Divulgação)
Quando a professora Fabiana Temponi descobriu que tinha câncer, aos 33 anos, a filha Sarah foi uma das grandes companheiras que teve. “Cortou meu cabelo, ia comigo para as operações. Passou muito bem por tudo”, lembra.
Mas, depois de um tempo, quando Fabiana já estava melhor, a filha começou a sentir fortes dores no estômago. Uma causa física foi descartada e, numa visita ao psicólogo, Fabiana descobriu que a pequena tinha apagado da memória o período em que a mãe se tratava.
O jeito encontrado para relembrar a filha e conversar com ela sobre o momento foi escrever um livro. A empreitada, inicialmente dedicada apenas a Sarah, acabou se transformando na obra “Mamãe ficou dodói” (Editora Supimpa), lançado pela professora. “Decidimos lançar o livro na esperança de que ele ajude outras pessoas”, explica Fabiana.
Na obra, ela compartilha a visão de uma criança diante do tratamento da mãe. “Como fiz o livro pensando na minha filha, ele conta o tratamento pelos olhos dela. Cada página relaciona uma etapa a um sentimento, com uma linguagem bem simples e bem leve, porque é voltado para o público infantil”, diz.
A ideia de falar sobre a doença abertamente com os pequenos é defendida pela professora. “Não tenho que mentir para as crianças. Tanto que, logo que descobri a doença, expliquei para a Sarah e para os meus alunos o que ia acontecer. Desenhei no quadro como seria a operação, abri espaço para que eles perguntassem o que quisessem e eles tinham muitas dúvidas”, lembra.
A experiência acabou rendendo frutos entre os alunos. Fabiana lembra que quando voltou a dar aulas, após um ano e meio de licença, um deles a abraçou e disse que a mãe estava passando pelo mesmo drama. “Me ver ali, de volta, e saber (sobre a doença) com certeza o ajudou e deu esperança”, acredita.
Resultado
Feito para relembrar a filha do momento vivido junto à mãe, a obra cumpriu também o objetivo inicial. “Antes da publicação, eu tinha feito um livro só para a Sarah. E dei para que ela lesse. A cada parte, ela comentava algo comigo. E, quando terminou, perguntei se ela se lembrava. Ela disse que não, mas que entendia o que eu tinha passado”, conta.
Após a experiência vivida com os alunos e com a filha, Fabiana destaca a importância de se conversar abertamente com as crianças. "Elas têm curiosidade de saber e entendem tudo. Você não precisa explicar de uma forma difícil, nem mentir ou florear demais. Conversar dá segurança para as crianças e as ajuda a entender que coisas ruins vão acontecer na vida, mas que precisamos saber superá-las”, pontua.
Vendas
Com lançamentos marcados em Governador Valadares, cidade natal da autora, o livro “Mamãe ficou dodói” pode ser adquirido também pela internet, pelo site linktr.ee/fabianatemponi. A obra tem parte da venda revertida para a Acolhevida, entidade de apoio a pacientes com câncer e doentes renais crônicos. “Conversar dá segurança para as crianças e as ajuda a entender que coisas ruins vão acontecer na vida, mas que precisamos saber superá-las”.