Parceiros no sangue, no palco, nos livros... e na "filhosofia"

Elemara Duarte - Hoje em Dia
31/07/2014 às 08:02.
Atualizado em 18/11/2021 às 03:35
 (Samuel Costa)

(Samuel Costa)

Leosino e Leonildo são afinados. Mas esta seria uma dupla sertaneja? Nada! Os nomes pertencem a irmãos gêmeos, idênticos, que, além de escritores, atuam como comediantes em Minas Gerais há exatos dez anos.

Aliás, para comemorar o marco, Leo e Leo – nome da companhia de teatro que compõem – apresentam duas peças no Cine Theatro Brasil a partir desta sexta-feira (1º): “Se Pode Rir, Pra Que Chorar?” e “Causos de Assombração”. Em setembro, estreiam, no mesmo espaço, “Sexo na Terceira Idade: Mito ou Verdade?”.

Entrevistar gêmeos idênticos ao mesmo tempo – ainda mais com nomes assim, tão similares –, gera um certo receio de trocar as falas. O jeito é deixar os nomes de um e de outro sobre a mesa, sem constrangimentos. Nesta sexta-feira, lembram, os dois completam 56 anos. “São 112 anos de vida”, brincam. Dezenas também são as histórias para fazer refletir, e que passam pela experiência de convivência.

Os “Leo” dividem quase tudo. A companhia de teatro, as piadas, o site e alguns livros. “Mas a criação é independente”, diz Leosino Miranda Araújo. “Mas a adaptação é em conjunto”, completa, no pulo, Leonildo, de mesmo sobrenome.

Leosino, no alto de sua “mais ampla” experiência de vida (cerca de 30 minutos a mais que Leonildo), diz que, se há discordância, “é no sentido de se fazerem entender”. Quase um ideal de felicidade na convivência.

Repertório duplo

Sobre a nova peça, a dupla acredita que alguns assuntos, quando colocados de uma forma hilária mas também poética, fazem com que o gelo se quebre. “Há gente na terceira idade que pratica o sexo de uma forma mais sublime”, considera Leosino.

Na década de trabalho, Leo e Leo reuniram 12 peças autorais no repertório. Várias entraram na Campanha de Popularização do Teatro e da Dança de BH: “Doidos Demais”, “Trem de Minas” e a própria “Causos de Assombração”.

Em 1999, juntos, misturados e, como sempre, afinados, eles publicaram pela primeira vez. “Um lado do livro era o meu, ‘Poeta de Rua’. E do outro, o dele, ‘O Despertar da Sensibilidade’”, diz Leosino. De lá para cá, somam 16 livros com temas que vão do humor ao didático. O ingresso ao palco veio das palestras destes livros.

À época, o nome artístico teve de ser improvisado – afinal, a mãe escolheu os nomes com tanto zelo. Como não contrariá-la neste processo? “Parece nome de remédio, mãe”, reclamavam. “É melhor remédio do que veneno”, diz a sábia senhora, natural do Serro, que teve 14 irmãos, sendo três deles trigêmeos. Tudo de parto normal. Por essas e outras é que a avó, dizem os artistas, era especialista em “filhosofia”.

“Se Pode Rir, Pra Que Chorar?” – Nesta sexta-feira, às 21h. Dia 2, às 19h e às 21h. E dia 3, às 19h. E “Causos de Assombração”, dia 8, às 21h. Dia 9, às 19h e às 21h. Dia 10, às 19h. Cine Theatro Brasil Vallourec (Praça Sete, Centro). Ingressos antecipados: R$ 15. No teatro, R$ 40 e R$ 20 (meia).

Irmãos famosos, amizade além da genética

A primeira peça de Leo e Leo foi montada em 2004: “Histórias Deste e do Outro Mundo”. Com ela, os irmãos percorreram nada menos do que 15 cidades mineiras.

Assim como os mineiros, outros exemplos de afinidade profissional entre gêmeos podem ser vistos pipocando por aí. Caso da modelo Gisele Bündchen, cuja gêmea Patricia tem cinco minutos de diferença na “idade”. Patrícia, hoje, gerencia a carreira da mana famosa. “Tive muita sorte de ter nascido com a minha melhor amiga”, já postou Gisele, em sua conta no Instagram.

“Os Gêmeos”, alcunha dos artistas plásticos Gustavo e Otávio Pandolfo, da cidade de Cambuci (SP), sempre trabalharam juntos. “Um completa o pensamento do outro. Nosso processo criativo é tão natural, que é até difícil de explicar. Parece que existe um fio, vamos sempre estar conectados, mesmo quando estamos longe um do outro”, dizem, no site da dupla.

O duo Santoro é outro a provar a sintonia “intra-uterina”. Uma das partes, Ricardo Santoro admite: “Muitas pessoas vão aos concertos para ver os ‘gêmeos do violoncelo’. Algumas dizem que ficam tentando fazer o jogo dos sete erros”, diverte-se ele, que forma o duo com Paulo. Detalhe, os dois, apesar de muito parecidos, não são univitelinos. O duo (que contabiliza 45 anos de irmandade) já “usou” (no bom sentido) a peculiaridade para divulgar seu trabalho. “Se temos esse trunfo, por que não?”.

Outros gêmeos famosos – Dylan e Cole Sprouze – fizeram o sitcom “Zac e Cody” bombar em audiência, inclusive no Brasil. E há os Twins, que dançam com Beyoncé – ano passado, passaram por Belo Horizonte.

A atual apresentadora do “Fantástico”, Renata Vasconcellos, tem uma irmã gêmea idêntica, a estilista Lanza Mazza. “Sempre acham que estamos fazendo pegadinha”, já declarou a jornalista, referindo-se aos que, sem saber do fato, acabam se assustando quando confundem uma com a outra. Michelle (apresentadora) e Giselle Batista (atriz, já tendo feito a novela “Cheias de Chame”) são outras que provocam várias confusões por aí.

Os baianos Caetano Veloso e Maria Bethânia não são gêmeos, mas o artista escreveu a composição “Reconvexo” para a mana. Já, Jorge Ben Jor, que não é parente dos dois, compôs “Mano Caetano” para Caetano, mas Bethânia “assumiu-a”, em homenagem ao irmão.

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