MÚSICA

Paulinho da Viola faz única apresentação com os filhos no Palácio das Artes

Paulo Henrique Silva
phenrique@hojeemdia.com.br
Publicado em 22/10/2022 às 07:28.
Compositor de 80 anos se apresenta com Beatriz e João Rabello (Leo Aversa/Divulgação)

Compositor de 80 anos se apresenta com Beatriz e João Rabello (Leo Aversa/Divulgação)

Após ter uma apresentação cancelada no início do ano, no Rio de Janeiro, devido à pandemia, Paulinho da Viola não esperava voltar tão cedo para um palco. Então foi surpreendido com um convite para curta temporada em março, em São Paulo. “Fizemos um show para aquele momento, sem tanto tempo para elaborar”, lembra.

Ao lado dele estavam os filhos Beatriz e João Rabello, um ingrediente familiar que agradou em cheio os espectadores. “O público gostou, novos convites foram surgindo e fomos ajustando o roteiro. Por isso digo que (a ideia do show em família) foi por acaso”, destaca o artista, que se apresenta neste domingo no Palácio das Artes. 

Como Caetano Veloso e Gilberto Gil, Paulinho da Viola está completando 80 anos de vida. O espetáculo acaba tendo um caráter comemorativo, em que o compositor repassa vários momentos de sua trajetória, marcada por grandes sucessos como “Dança da Solidão”, “Pecado Capital” e “Foi Um Rio Que Passou Em Minha Vida”.

“Mostro diferentes momentos da minha carreira, falando sobre a Portela e o início também. A Beatriz mostra um pouco do trabalho dela como cantora, trazendo para o show músicas minhas que fazem parte do repertório dela. E o João apresenta os resultados do tempo em que ficamos parados na pandemia”, registra.

A turnê com os dois filhos traz à memória de Paulinho da Viola, dono de harmonias sofisticadas e voz suave, às vezes em que tocou ao lado do pai, o violonista Benedicto Ramos de Faria, integrante da primeira formação do grupo de choro Época de Ouro, convivendo com nomes como Pixinguinha, Jacob do Bandolim e Dilermando Reis.

“Tive o privilégio de ter meu pai me acompanhando por muitos anos e hoje tenho a alegria de dividir o palco com meus filhos”, assinala o mestre, que promete abastecer a plateia com bastante relatos de vida. “Eu gosto muito de contar histórias e tenho que até ficar atento à duração delas. Acho que o público gosta também”, observa.

Apesar do entusiasmo pela volta dos shows, o músico destaca que o tempo de demonização dos artistas no país ainda não passou. “Todo momento na história em que surge uma visão autoritária de sociedade, os artistas são os primeiros a serem atacados. A razão é que a arte questiona a objetividade em que o autoritarismo se baseia”.

Para ele, o autoritarismo é simplista e propõe soluções rasas. “A arte é subjetiva, questiona as regras, a autoridade, a ordem. A arte é um convite permanente à reflexão e ao questionamento”, defende. Paulinho da Viola analisa que os artistas continuarão a ser atacados por aqueles que não aceitam a diversidade de ideias. “Temos um longo caminho pela frente”.

SERVIÇO“Paulinho da Viola & Família” – Neste domingo, às 21h, no grande Teatro do Palácio das Artes (avenida Afonso Pena, 1537). Ingressos: de R$ 210 a R$ 390 (a inteira). Vendas na bilheteria do teatro e pelo site Eventim

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