Paulo Betti declara amor por Sorocaba

Paulo Henrique Silva
phenrique@hojeemdia.com.br
25/08/2017 às 18:44.
Atualizado em 15/11/2021 às 10:16
 (Divulgação)

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GRAMADO (RS) – “O filme vai ser um sucesso em Sorocaba!”anima-se Paulo Betti, ao falar de “A Fera na Selva”, longa-metragem que dirigiu e protagonizou ao lado de Eliane Giardini, exibido no 45º Festival de Cinema de Gramado, na semana passada.

Além de ter sido filmada na cidade do interior paulista, a produção põe em cena vários parentes e amigos de Betti. O lado histórico da cidade teve peso na decisão, mas Betti e Giardini, que nasceu em Sorocaba, não escondem que a escolha teve razão afetiva. “Dá uma emoção fazer lá, onde passamos parte de nossas vidas, e isso acaba passando para a história. Meu irmão, por exemplo, aparece ao meu lado, no hospital. Lugar que, por sinal, eu trabalhei, na recepção”, assinala o ator.

O filme nasceu de uma oferta de uma empresa local, interessada em saber se Betti teria algum projeto para receber recursos. “De imediato, pensei numa peça de teatro, mas depois lembrei do roteiro (baseado na novela homônima de Henry James, publicada em 1903), que estava aprovado em lei”, registra. 

Na trama de “A Fera na Selva”, um homem e uma mulher se reencontram após anos de uma confissão feita por ele, sobre um acontecimento extraordinário que o arrebataria. Curiosa, ela indaga sobre o fato e passa a acompanhá-lo, sempre na expectativa do que pode ocorrer.

O fato de a narração em off feita por José Mayer soar, muitas vezes, excessiva, sublinhando o que está sendo dito pelo casal, não chega a ser problema para Betti. “É para apoiar o jogo narrativo. Ela é rebarbativa mesmo, óbvia e repetitiva, mas há um pouco de humor, uma certa ironia, além de uma espécie de Deus, com o conhecimento do destino, que os personagens não têm”.

Betti chegou a fazer um tratamento do roteiro sem a narração, mas voltou à decisão original por um motivo muito simples: o livro é conduzido por um narrador. “Esse é um argumento que passei a adotar para muitas questões. Às vezes alguém observa que os dois (personagens) não se beijam, não fazem sexo. Mas no livro de James não põem mesmo uma mão sobre a outra”.

Entre as cenas que foram acrescidas ao texto está a filmagem de um eclipse solar. “Quase desistimos, porque a história tem um salto de vários anos e o eclipse aconteceu em 2015. Mas ao pesquisar no Google, descobrimos que ele tinha acontecido há 30 anos”, registra Betti.

Os atores/diretores não demonstram preocupação em ter o filme definido como “óvni” por alguns críticos. “É um filme para correr os festivais e ser exibido em cineclubes e salas de arte. Não sou louca em achar que ele passará (em shoppings). É um trabalho fora da curva, de grande ousadia”, salienta Giardini.

Betti, que foi casado com Giardini entre 1973 e 1997 e estava acompanhado de sua namorada Dadá Coelho, já se diz satisfeito com um bom desempenho em Sorocaba. “Esse é o meu grande objetivo. Imagine, um mês em cartaz no cinema de lá, com o povo todo da cidade indo ver e dizendo depois: ‘Esse filme do Paulo Betti é bão’”, anseia o ator.

* O repórter viajou a convite da organização do Festival de Cinema de Gramado

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