Peça "Jogada de Mestre" é atração no Sesc Palladium até domingo

Miguel Anunciação - Hoje em Dia
07/06/2013 às 09:48.
Atualizado em 20/11/2021 às 18:55

O ambiente profissional da música no Brasil, você sabe, já não comporta mais os amadores apenas. "Deteriorou muito. O que ainda consegue divulgação na mídia não tem mais diversidade e batalhar sua própria produção não é nada fácil. Por isso, tenho levado a música em banho-maria", admite Amaury Silva, cantor, ator e publicitário mineiro (radicado no Rio de Janeiro há quase uma década) que traz à cidade "Jogada de Mestre", atração do Sesc Palladium até domingo (9), às 20 horas.

Adaptação de "Lição de Botânica", um texto teatral de Machado de Assis, o espetáculo enreda cinco personagens (mas só quatro chegam à cena), interpretados tanto por Amaury quanto pela carioca Carol Leipelt, e bonecos feitos de papel machê. Já o jogo de xadrez – diversão mais constante do barão e cientista sueco, preocupado em despertar o sobrinho de sonhos de matrimônio – é quase um outro personagem da peça. É ver para crer.

Raro exemplar da muito pouco conhecida porção dramatúrgica do Bruxo do Cosme Velho, a peça é uma das primeiras que ele assinou. Parte do que Quintino Bocaiuva, crítico teatral como Machado, foi convocado a ler e talvez não tenha feito comentários mais negativos por ser amigo do autor. Quintino teria avaliado os dois textos como esboços de boas peças, mas inferiores ao restante da obra de Machado.

Tornada pública depois, esta avaliação de Quintino pode ter colaborado a fixar a sentença que "o teatro de Machado não é bom". Amaury não teve a mesma impressão. Desde que leu o texto pela primeira vez, numa leitura dramática orientada por Rafaela, filha da atriz Camila Amado.

Mais animado ainda ele ficou ao saber que o próprio Machado era enxadrista convicto, que montar a peça era a oportunidade de difundir esta notícia tão pouco sabida.

Para isso convidou Carol, colega de um dos muitos cursos de teatro que vem realizando no Rio, sempre com artistas de primeiro naipe. Disposto a não ver o projeto "murchar", Amaury se dispôs a erguê-lo "na raça", independentemente de leis de incentivo. É sua primeira produção teatral na Cidade Maravilhosa, onde fixou-se à procura de perspectivas mais promissoras. Paulo Hamilton, ator da Cia Atores de Laura, assina a supervisão, o "olhar de fora" da peça, que já esteve em cartaz no Rio e agora desenvolve intenso circuito para escolas do ensino fundamental e médio como estímulo à leitura.

Em banho-maria desde 2004, quando Amaury lançou o CD, "Estiagem", a música não silenciou para sempre. Apenas deu um tempo, assegura o cantor e ator, ex-parceiro da Cia Burlantins.

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