(Divulgação)
O escritor, ilustrador e ator Gabriel Pardal gosta de escrever a mão tudo o que lhe vem à cabeça. Por isso, carrega sempre com ele um caderninho e uma caneta. Um dia resolveu postar essas criações no Instagram, em um perfil chamado Canibal Vegetariano, e as fotos se tornaram um sucesso na internet.
A receptividade foi tão boa que o trabalho apresentado ali na web se transformou no divertido livro “Canibal Vegetariano” (Fabrica 231, 144 páginas, R$26,50). Estão ali frases, minicontos, desenhos e colagens. Em cada página, uma combinação de palavras com imagens.
“Fui postando com uma certa regularidade e percebi que o texto no papel gerava uma imagem, não apenas no sentido das imagens que as palavras podem produzir, mas na sua própria estética. Desenhar com palavras”, conta o escritor.
Segundo ele, o nome Canibal Vegetariano surgiu de uma reflexão sobre seu lugar no mundo. “O meu trabalho é sobre inade-quação, sobre se sentir inadequado no lugar que se pertence porque eu provavelmente sempre me senti assim. Talvez por isso as minhas diversas atividades de escritor, ator, desenhista. Como ser vegetariano entre os canibais ou vice-versa?”, diz Gabriel, que também lançou os livros “Tédio e Diversão” e “Carnavália”, além de editar o site Ornitorrinco.
Inéditos
Além de escolher obras que já tinham sido apresentadas nas redes sociais – optando pelas que melhor se encaixariam em um livro impresso, não datado –, Gabriel também fez alguns desenhos especialmente para a publicação. Entraram ainda outros inéditos antes encarados apenas como rascunhos.
A inspiração vem das mais diferentes fontes do cotidiano: família, amigos, desconhecidos. “A política, a cultura, a moda, a psicologia. A música, o cinema, a performance, as artes plásticas, a internet. Sobretudo, a literatura, que é a minha forma de arte preferida, é onde eu mais aprendo e o que mais gosto de fazer: ler”, explica.
Mas a principal motivação é o desafio. “Eu gosto de fazer o que eu não sei fazer. É o que me instiga, e é assim que desperto para a liberdade imprescindível no processo criativo. O fato de que eu não sei desenhar é o que me faz desenhar. Não saber escrever é o que me faz escrever”.
Linear ou aleatório?
“Canibal Vegetariano” parece ser uma obra a ser apreciada em pílulas, com uma leitura aleatória, mas o autor garante que é possível fazer um trajeto contínuo.
“Selecionei e organizei a ordem dos desenhos em cada página, pensando numa sintonia, numa espécie de narrativa com uma corrente de assuntos. É assim, pode ser lido como um álbum de fotografias. Às vezes você pega um álbum de fotos e folheia página por página, e assim acompanha uma trajetória. Quem ler do início ao fim vai ler uma proposta estruturada por mim, pelo autor”, diz.
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