Pintar o rosto em homenagem à banda é uma diversão para várias ocasiões

Cinthya Oliveira - Hoje em Dia
22/04/2015 às 08:22.
Atualizado em 16/11/2021 às 23:43
 (Iana Domingos)

(Iana Domingos)

Impossível comparar qualquer outra banda de rock do mundo ao Kiss. Não porque a banda tenha uma qualidade musical que possa superar os Beatles ou os Rolling Stones, mas por causa de sua incrível capacidade midiática. Não é preciso conhecer o repertório para saber que o grupo é formado por quatro homens maquiados, de estranhas roupas pretas e de bom equilíbrio sobre saltos plataforma.

Prova de que o grupo vai muito além de sua música é o grande número de pessoas que pintam seus rostos em homenagem ao Kiss nas mais diversas ocasiões – Carnaval, festas temáticas, shows de rock.

As irmãs gêmeas de 34 anos Katia, Keilla e Karina Aguiar encarnaram o espírito de Gene Simmons e companhia para uma festa temática sobre os anos 80. Para que o quarteto fosse completo, chamaram ainda a irmã Kellen, de 37 anos.

“Fomos a sensação da festa! Todos queriam tirar foto conosco, nos divertimos muito e fizemos o maior sucesso, até porque minhas irmãs cantaram no evento e incorporaram mesmo o espírito do rock”, conta Katia, dizendo que as quatro irmãs sempre gostaram da banda.

Síntese

Maquiadora e artista plástica, Jacky Simionato, de 29 anos, começou a pintar o rosto por brincadeira. Na primeira vez, incorporou “Catman” (personagem hoje encarnado por Eric Singer) e vivenciou uma boa repercussão no Instagram. Depois, especialmente para a festa de aniversário da banda cover Kiss Alive BH, pintou o rosto como “The Space Ace” (hoje de Tommy Thayer) e recebeu elogios calorosos.

O terceiro passo foi o mais interessante: Jacky decidiu encarnar os quatro personagens numa mesma imagem (confira ao lado). “A foto aconteceu durante um encontro de maquiadoras aqui em Belo Horizonte e cada uma deveria fazer uma maquiagem diferente. Então surgiu minha ideia de colocar as artes de todos os quatro integrantes da banda juntas em meu rosto e intitulei ela de ‘JacKiss’”, diz a garota, que com essa imagem ficou com o segundo lugar de um concurso realizado pelo Circuito do Rock.

“Sou fã do Kiss e a banda me inspira arte em vários sentidos, não só a música, por ser o clássico rock que eu amo. Me inspira também devido a ousadia que tiveram na época em que escolheram fazer sucesso usando essas maquiagens chamativas e os figurinos excêntricos”, diz a maquiadora.

Para a faculdade

O produtor cultural Gilson Fernandes, de 30 anos, não está no grupo dos fanáticos por Kiss, mas já teve seu dia de pintura facial. Sua turma da faculdade de Comunicação Integrada da PUC-Minas decidiu que todos alunos iriam homenagear capas de revistas em seus convites de formatura. Ele escolheu uma capa da “Rolling Stone Brasil”, em que Paul McCartney aparecia com a maquiagem do The Space Ace. “Como eu toco baixo, achei que seria bem interessante. Demorou umas duas horas para a maquiagem ficar pronta”.

No Carnaval, não faltaram homenagens ao quarteto americano

Em 1996, o Kiss voltou a fazer shows com as marcantes fantasias e maquiagens – algo que haviam abandonado no início da década de 80. Decisão importante para a sobrevivência no seleto grupo de bandas de turnês milionárias. Afinal, o público quer ouvir algumas de suas dezenas de hits, mas também quer o espetáculo completo.

As fantasias povoam a mente de tanta gente que não foi difícil encontrar gente fantasiada de Kiss no Carnaval deste ano. A professora de inglês Flavia Felisale, de 35 anos, homenageou a banda com uma maquiagem de estilo “Paul Stanley”. “Usei para ir para o Bloco da Alcova Libertina, que tem tudo a ver com rock. Me diverti tanto que agora quero fazer muito mais”.

Os amigos Aline Viana, Francisco Calderon, Francisco Diniz e Maria Laura Froede também desfilaram de Kiss pelas ruas de Belo Horizonte durante a folia. Por mais de dez horas, tiraram fotos com dezenas de pessoas. Uma vivência totalmente diferente para Maria Laura. “Fui na onda do pessoal e acabei me divertindo. Sou muito tímida e achei muito interessante encarnar um personagem que me deixou irreconhecível. O barato do Carnaval é se transformar em outra pessoa”, diz Laura, mostrando que pintar o rosto é algo que não atinge apenas os fãs mais fanáticos.

No show nesta quinta (23), não vão faltar pessoas de rostos pintados. Gente como o consultor de projetos da Fiemg Mauricio Peres, de 34 anos, que se maquiou como Gene Simmons em três oportunidades – dois shows em São Paulo e um no Rio de Janeiro. “Nas apresentações, você vê desde crianças a pessoas mais velhas com rostos pintados. É algo muito interessante que faz parte apenas de um show do Kiss”, diz o verdadeiro fã.

Steel Panther garante humor na abertura do show

Satchel garante: a intenção do Steel Panther nunca foi fazer humor, mas um rock and roll verdadeiro, com músicas feitas da mesma forma que outras bandas de rock. Verdade? Durante a rápida conversa por telefone com o Hoje em Dia, o guitarrista da banda americana (que faz a abertura do show do Kiss, às 19h) deixa claro que toda conversa não passa de um discurso de um ótimo personagem, caracterizado para entreter o público e, claro, os próprios integrantes.

A banda, que já abriu para o Kiss em várias oportunidades (“já tocamos com eles até na China e na Antártida”, segundo o guitarrista). É escalada para acompanhar a famosa banda nova-iorquina certamente por causa de seu humor – há alguma característica que combine melhor com o Kiss?

Criado no início deste século, o Steel Panther nos remete aos tempos de Whitesnake e Van Halen ao vestir roupas coladas e extravagantes, exibir madeixas bem armadas e cantar sobre o estilo de vida dos rock star. Uma boa paródia do quase extinto glam rock que invadiu as rádios e a MTV nos anos 80.

“Não sei por que todo mundo acha que fazemos humor. Essa é uma banda séria que quer o mesmo que todas as outras: fazer rock, se divertir e pegar muitas mulheres”, diz Satchel, que em vários momentos brinca ao reforçar clichês ligados a astros do rock.

Mas, mesmo para quem tem bom humor, encarar uma multidão de “Kiss Army” várias vezes não deve ser fácil. “A recepção do público varia de cidade para cidade. Às vezes ficam tão incomodados que querem jogar objetos em nós. Às vezes gostam bastante e se divertem com a gente”.

O público não é a única surpresa para o Steel Panther em cima do palco. Afinal, de acordo com Satchel, não há qualquer planejamento para o repertório. “Nós nunca sabemos o que vai acontecer. Começamos a tocar e ali mesmo decidimos qual será a próxima música. Os shows são sempre muito diferentes”.

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