(Marcos Figueiredo)
Basta ligar a TV ou ler as páginas dos periódicos dedicadas à crônica policial para ter uma percepção, mesmo que leiga, da escalada da violência no Brasil – fenômeno que, curiosamente, se faz em meio a uma série de conquistas socioeconômicas aferidas na história recente do país.
Para tentar contribuir com o instigante debate sobre esse recrudescimento da violência, os sociólogos Luís Flávio Sapori e Gláucio Ary Dillon Soares lançam nesta terça-feira (4) – a partir das 19h30, na CDL (av. João Pinheiro, 495) – o livro “Por que Cresce a Violência no Brasil?” (PUC Minas/Autêntica, R$ 35). A entrada é franca.
Do alto de sua experiência, Sapori faz uma observação pertinente: não dá mais para creditar o aumento da incidência de homicídios e assaltos no país apenas por eventuais problemas de emprego, saúde e educação, já que o Brasil tem avançado, e muito nessas questões. De modo que os jovens estão pegando em armas de fogo para assaltar ou matar não mais por uma questão de sobrevivência. “Entendemos que a grande matriz geradora de violência (nos dias atuais, no Brasil) seja o tráfico de drogas”.
Sapori vai além em suas análises. Avalia que o tráfico de drogas tornou-se um “negócio” de alta rentabilidade. “O Brasil é, hoje, um grande centro de consumo de drogas, e o tráfico aumentou com o crescimento econômico e social. Quanto mais dinheiro circulando na sociedade, maior o consumo de drogas”, avalia o sociólogo.
Sapori aponta dois eixos de atuação do Estado brasileiro (nas esferas Municipal, Estadual e Federal) para combater – ou ao menos arrefecer – essa onda de violência. A primeira, através de ações repressivas. “O grande desafio é, em primeiro lugar, reduzir a violência associada ao tráfico, com ações duras e firmes para reduzir o acesso às armas de fogo. A polícia precisa ocupar de maneira mais direta as regiões dominadas pelo tráfico na favelas e periferias brasileiras. A gente pode replicar, em âmbito nacional, os modelos das UPP’s (Unidades de Polícia Pacificadora) do Rio de Janeiro”.
E a segunda, não menos importante, segundo Sapori, é a inserção, no mercado de trabalho e na sociedade, de jovens em situação de vulnerabilidade social. “Oferecer aos jovens da periferia – hoje cooptados pelo tráfico – alternativa de inserção social através da música ou do esporte, prevenção social de maneira geral, com investimento maciço”, ensina.