Por que vale a pena passar Carnaval em Belo Horizonte?

Cinthya Oliveira - Hoje em Dia
27/02/2014 às 07:59.
Atualizado em 20/11/2021 às 16:18
 (Ricardo Bastos)

(Ricardo Bastos)

No Carnaval do ano passado, vários blocos da capital atraíram verdadeiras multidões em diferentes espaços de Belo Horizonte. Neste ano, a expectativa é de que o público seja muito maior, já que muitos foliões estão ansiosos para usufruir de uma divertida festa em sua própria cidade.

Mas por que o Carnaval de Belo Horizonte atraiu tantos adeptos em cinco anos? Para a produtora Renata Andrade, uma das líderes do bloco Baianas Ozadas, o carnaval de rua é uma consequência da produção cultural de Belo Horizonte que há tempos vem ocupando as ruas e praças.

“O belo-horizontino, antes ressabiado com eventos gratuitos em vias públicas, é hoje consumidor assíduo desses festivais, festas e shows. Ou seja, a população é favorável em respirar cultura pelas ruas da cidade. E claro, a cada ano, com maior adesão. Afinal, o nosso carnaval de rua é pura alegria, irreverência e democracia”, afirma Renata.

Segundo Kuru Lima, produtor da Banda Mole, o Carnaval é uma oportunidade para os moradores circularem por espaços da cidade que não costumam frequentar. “As pessoas conhecem lugares que muitas vezes só veem da janela do carro. O Carnaval permite reconhecer a própria cidade e resignificar a própria cidade. Melhor ainda, elas podem encontrar pessoas que não viam há muito tempo”, diz o produtor, acrescentando que o fator econômico – é caro viajar – também contribui para a adesão de tantos foliões.

Espera

Figura presente em vários blocos da capital, o músico Guto Borges afirma que é preciso esperar pela festa de 2014 – feita também pelos palcos montados pela prefeitura – para saber se o Carnaval da cidade é um sucesso.

“Todo mundo está apreensivo para saber o que vai acontecer este ano, porque a festa ganhou um sentido diferente, um tom de espetáculo. Mas é bom lembrar que até então a festa foi feita à revelia do poder público”, ressalta o músico, um dos nomes ativos do movimento Praia da Estação, que ocupa a Praça da Estação mais uma vez no próximo sábado, a partir do meio-dia.

Para ele, a festa ganhou adeptos porque as pessoas passaram a se perguntar sobre qual cidade desejavam ter, sobre como deveria ser a ocupação dos espaços públicos. Nasceu um movimento popular questionador sobre o poder público, que vinha esvaziando o Carnaval de rua desde os anos 80.

“É importante que as pessoas participem de verdade e não só assistam ao espetáculo, para depois irem embora”, diz o artista, que espera que a festa oficial da prefeitura não atrapalhe o movimento espontâneo que vem sendo construído.

“Não acredito que o poder público seja um inimigo. Pode ser complementar, desde que respeite o que já existe”, diz. 

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