(Carlos Henrique)
Motivo de protesto e negociações da classe artística mineira durante três anos, o teatro Klauss Vianna, que estava com os dias contados, não será demolido em julho, conforme havia anunciado, em abril, o Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG).
A decisão de manter a casa de espetáculos no prédio pertencente ao TJMG foi tomada pelo presidente e procurador-geral de Justiça do TJMG, Pedro Bitencourt Marcondes, e anunciada nesta quarta-feira (10) pelo secretário de Estado de Cultura, Angelo Oswaldo, na Assembleia Legislativa.
O parecer, no entanto, ainda não é definitivo. Segundo o secretário, a decisão de Bittencourt de suspender a demolição do teatro terá que ser aprovada, em agosto próximo, pelos 120 desembargadores que compõem o Pleno do Tribunal de Justiça.
“Os desembargadores vão apreciar a decisão do presidente do TJMG no sentido de respaldá-la”, disse.
Conforme o Hoje em Dia informou na última quinta-feira, a solução para manter o teatro no prédio se dará com a construção de um anexo para ampliar a estrutura do Tribunal. Esse anexo deverá começar a ser construído no próximo mês e ser concluído em dois anos. O teatro deverá ser mantido no mesmo local, com entrada independente do restante do prédio.
Conforme Angelo Oswaldo, quem deverá arcar com os custos da construção do anexo será o TJMG, já que economizará os recursos que seriam utilizados para a demolição e construção de plenário para reuniões e audiências no local.
A operadora Oi, que é a atual gestora do Klauss Vianna, manifestou interesse em continuar responsável pela manutenção do teatro. “Nós temos programação fechada até o dia 30 de junho. Agora teremos que refazer a programação e esperar agosto para ver a decisão definitiva”, afirmou o relações institucionais da Oi, José Luiz Hallak.
A manutenção do prédio onde funciona o teatro havia sido acordada desde a privatização da Telemig, antiga empresa estatal de telefonia, na década de 90. Há dois anos, porém, por causa de um acordo entre o governo do Estado e o TJMG, o imóvel foi declarado de utilidade pública e desapropriado em favor do Tribunal, que pagou ao governo R$ 210 milhões pelo prédio. A negociação foi completada com a transferência, ao Executivo, de terreno do Judiciário no bairro Barro Preto, onde o governo implantou a Sala Minas Gerais da Orquestra Sinfônica.
ESPAÇO - Vista interna do teatro, que funciona hoje em um prédio do TJMG (Foto: Fernando Barcellos/Arquivo Hoje em Dia)
Artistas recebem decisão com satisfação, mas mantêm mobilização até a decisão final
O movimento Viva Klauss, criado com o objetivo de buscar soluções para a preservação do teatro Klauss Vianna, recebeu a notícia da decisão do desembargador Pedro Bittencourt em manter o espaço no prédio do Tribunal de Justiça com satisfação.
Contudo, os artistas permanecem receosos até que a manutenção definitiva do teatro seja anunciada, em agosto. “Vamos manter a mobilização, porque desejamos a preservação do teatro a qualquer custo. Ele foi ameaçado, o presidente do TJMG chegou a anunciar a demolição”, destacou a representante do movimento Viva Klauss, Regina Amaral. “Então, permanecemos na luta para reverter a situação. Queremos a decisão definitiva”, completou.
O líder do Governo na Assembleia Legislativa, deputado Durval Ângelo (PT), esclareceu que, durante os dois anos de previsão da reforma no prédio do TJMG, as atividades no Klauss Vianna vão acontecer normalmente. Ele acredita que os 120 desembargadores votarão a favor da manutenção do teatro, que integra uma campanha desencadeada pelo Hoje em Dia em defesa do patrimônio cultural do Estado.
O Museu das Comunicações, que faz parte do Oi Futuro, ainda não tem destino certo. Ele faria parte do Centro Cultural Oi Futuro, que integraria o Circuito Cultural Praça da Liberdade. No entanto, o governo afirma que não há viabilidade para instalação de um centro cultural no complexo, como havia sido acordado com o governo anterior, e diz que estuda um novo local na cidade para abrigar o museu e as outras atividades do Oi Futuro.
Processo
Os R$ 210 milhões pagos pelo prédio ainda não foram repassados integralmente para a Oi. Parte do recurso pago pelo TJMG pela desapropriação do prédio (R$ 87 milhões) foi depositado em juízo e os R$ 123 milhões restantes ainda estão sob responsabilidade do Estado.
O Klauss Vianna foi inaugurado em 1985 a partir de um acordo entre o governo e o Banco Bradesco, que demoliu o antigo Cine Metrópole
Desde 2007, o teatro Klauss Vianna e o Centro Cultural Klauss Vianna receberam 420 mil pessoas, 46 exposições, 260 sessões de cinema e 65 mil alunos visitantes