(Latina Filmes/Divulgação)
O novo filme da “Turma da Mônica” – o primeiro em live action – também tem uma relação forte com Minas Gerais. É que o roteiro do longa-metragem é baseado na graphic novel “Laços”, escrita e desenhada pelos irmãos Vitor e Lu Cafaggi e lançada há três anos. “Nunca passou pela nossa cabeça que um dia viraria filme. Ao mesmo tempo, como a proposta inicial do Mauricio era não ter continuação, começamos a pensar em como contar a história. Nos perguntamos como seria um filme da turminha, com uma história que conversasse com a nossa infância”, relata Vitor.
A infância de Vitor é a dos anos 1980 e a revista claramente dialoga com algumas produções infantojuvenis da época, como “Os Goonies” e “Conta Comigo”. “Como sempre consumi muito filme, acaba que as minhas histórias têm um pouco de cinema”, registra Vitor, que ousou ao enveredar por um lado realista.
“Desde o início queríamos mostrar um menino que fosse além do fato de não tomar banho (o Cascão), além de trocar a letra R pelo L (Cebolinha). Queríamos mostrar outras características que eles têm, destacando as relações entre eles, o que é o Cascão para o Cebolinha ou a Magali para a Mônica”, assinala.
Por ser uma graphic novel (por sinal, a revista nacional mais vendida nesse formato), Vitor teve liberdade para diminuir a carga fantasiosa dos enredos originais. “Eles realmente passam por perigos e podem se dar mal. Os quatro amigos se cortam, se machucam”, explica o ilustrador mineiro.
“Laços” deu tão certo que, <CS9.2>no ano passado, a dupla lançou mais uma graphic novel, “Lições”. Quando criança, Vitor era um leitor assíduo de Mauricio de Sousa, admiração que se estendeu por algum tempo por conta da irmã. “Temos uma diferença de idade de dez anos. Então acabei lendo mais tempo que as outras pessoas”.
Formação
O diretor do filme, Daniel Rezende, montador de prestígio que foi indicado ao Oscar por “Cidade de Deus”, afirma que muitos dos brasileiros na faixa dos 30-40 anos devem a sua formação à Mônica, Cebolinha, Magali, Cascão, Chico Bento, Horácio, Papa-Capim, Astronauta e Penadinho.
“Aprendi a ler com a Turma da Mônica. Fazem parte de quem eu sou. Consolidaram-se como personagens queridos em minha época, no final dos anos 70, porque não tinha TV a cabo. Ou você via TV aberta ou lia. É uma honra fazer esse filme”, observa Daniel, que pretende fazer um longa para toda família.
O diretor lembra que, quando leu “Laços”, percebeu que aquela história daria um filme incrível. “Vitor e Lu Cafaggi deram um primeiro passo ao encararem essa turminha como se eles existissem de verdade. Agora temos que dar um segundo passo, que é transformar em linguagem cinematográfica”.
Com o roteiro ainda em desenvolvimento, Daniel vê na adaptação um grande desafio. “Vou estar lidado com o imaginário de gerações e gerações do país inteiro. Saber lidar com essas expectativas e não decepcionar é um grande desafio”, admite o realizador, que em breve deverá começar a escolher o elenco.