Produções mineiras ganham visibilidade com abertura de distribuidoras locais

Paulo Henrique Silva
phenrique@hojeemdia.com.br
25/10/2016 às 08:56.
Atualizado em 15/11/2021 às 21:22
 (Cineart/Divulgação)

(Cineart/Divulgação)

Se lhe contassem, há duas décadas, que uma distribuidora de filmes seria aberta em Minas Gerais, a resposta juntaria uma reação de espanto à palavra “loucura”, já que todas as empresas do setor estavam sediadas no Rio de Janeiro e em São Paulo, devido à proximidade com mercados “mais rentáveis”.

Com a expansão da produção e da exibição, além da digitalização que substituiu a película, o que parecia inimaginável até o início dos anos 2000 agora é possível, como provam a Zeta Filmes, aberta em 2013, e a Cineart, líder no segmento de exibição no Estado que começou a operar neste ano.

A mudança geográfica é benéfica aos produtores mineiros. “A gente entende que muitas produções do Estado têm potencial de mercado, mas acabam perdendo a janela do cinema, partindo já para as janelas seguintes, como DVD e TV a cabo”, observa Lúcio Otoni, diretor de programação e vendas da Cineart.

O primeiro fruto é o infantil “Dentro da Caixinha”, de Guilherme Reis, em cartaz há duas semanas. Como é proprietária de complexos como Diamond, Ponteio, Boulevard, Del Rey e Cidade, uma antiga reclamação dos produtores brasileiros sobre o pouco tempo de exibição também é resolvida.
“O mercado é muito dinâmico, devido à grande oferta de filmes. Geralmente se espera uma performance rápida, mas nossa intenção é dar oportunidade para que cheguem ao público”, registra Otoni, que, diferentemente de outras exibidoras-distribuidoras, não pretende trabalhar seus produtos de forma exclusiva.

Cinema de arte

A Zeta não trabalha com filmes brasileiros, embora esteja nos planos. O perfil da produtora é voltado para o cinema independente, algo que tem relação também com a atividade anterior: a realização da Mostra Indie, um dos mais importantes festivais de cinema de Minas, criada em 2001.
“A distribuidora é uma consequência da Mostra, trabalhando um filme que a gente gosta e aposta para além do festival”, afirma Francesca Azzi, uma das proprietárias da Zeta.

O fato de estar localizada em BH em nada modifica as relações de mercado, segundo ela. “Nosso produto é mais sofisticado”, explica.

As bilheterias modestas, se comparadas com as superproduções, aconteceriam da mesma forma se a sede fosse no Rio ou em São Paulo. “O mercado do cinema de arte está mais restritivo, já que são poucos os espaços que se dedicam a esse tipo de filme”, lamenta Francesca.

A distribuidora, que também se dedica à exibição de clássicos restaurados, como “Oito e Meio” e “Morangos Silvestres”, lança cerca de 15 títulos por ano. “No limite, porque se lançamos dois ao mesmo tempo o exibidor vai querer tirar um dos dois de cartaz e ficar com apenas um. É preciso dar espaçamento entre um e outro”.

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