Após distribuírem uma folha com poema considerado “erótico” para os alunos, duas professoras da Escola Municipal Jaime Avelar de Lima foram exoneradas pela Prefeitura de Santa Luzia, Região Metropolitana de BH. A diretora da instituição, por sua vez, pediu a exoneração do cargo recentemente, mas por motivos "particulares”. A prefeitura do município divulgou nota sobre a ocorrência nesta sexta-feira (21).
“A Prefeitura de Santa Luzia, através da Secretaria de Educação, informa que à época do acontecimento da divulgação de um poema de cunho erótico para alunos da Escola Municipal Jaime Avelar do bairro Bom Destino, foi instalado um processo administrativo com a criação de uma comissão para apuração dos fatos, inclusive com acompanhamento pela Promotoria de Justiça”, diz o texto.
Conforme a prefeitura, a própria comissão teria decidido pela saída das professoras.
Que poema é esse?
Em maio deste ano, uma folha com montagem de textos foi distribuída aos alunos da escola. Um deles era o poema para adultos “Ciuminho Básico”, da escritora Ana Elisa Ribeiro. O texto fala de uma mulher ciumenta que prepara vinganças para o parceiro, com um certo humor negro. Outros dois poemas dela, mas sobre amor, também estavam no material.
A escritora que tem vasto currículo com a publicação de vários livros infantojuvenis de sua autoria acredita que a folha tenha sido montada para preparar os alunos para uma palestra com ela sobre “gostar de ler” - mas o material foi feito sem o conhecimento de escritora.
“Uma menina fez uma pergunta e disse que tinha gostado do poema. Eu me assustei: 'Ué, vocês andaram lendo um poema meu para adulto?' E continuei a palestra. Eles fizeram perguntas sobre ser escritor”, lembra.
No meio do fogo cruzado
Com a notícia correndo rádios, TVs e rede sociais, Ana Elisa lamentou ao Hoje em Dia, em entrevista: “A gente não é escutado. Tenho um histórico de trabalho com literatura de mais de vinte anos”. Mesmo não tendo relação com a distribuição das folhas, a escritora diz que chegou a ser ameaçada pelas redes sociais.
O assunto chegou até os pais dos alunos, à mídia, ao Ministério Público de Minas Gerais e à Promotoria de Justiça, que acompanhou o desenrolar das decisões.